Vanessa: Ilegalidade do impeachment aumenta pressão por “Diretas Já” 

Olga Benario, grávida, foi condenada “legalmente” a ser deportada para morrer num campo de concentração da Alemanha nazista. No tribunal da inquisição que condenou Galileu Galilei ou no tribunal francês que condenou o capitão Dreyfus, bem como no macarthismo dos Estados Unidos, que destruiu a carreira de centenas de intelectuais norte-americanos, os ritos foram respeitados. Mas a história revelou que esses ritos eram apenas uma farsa. 

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Esses fatos históricos se unem a outro produzido no Brasil recentemente. O dia 31 de agosto de 2016 entrará para a história do Brasil como a data em que arrancaram o mandato da primeira mulher eleita presidenta do Brasil. “Data em que puniram, condenaram uma presidenta inocente. Data em que se promoveu um golpe parlamentar no Brasil”, destacou a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), em seu artigo semanal na Folha de S. Paulo, nesta terça-feira (6).

Segundo a parlamentar, a ilegalidade do processo de impeachment provocará “uma luta sem trégua para evitar que eles coloquem em prática os objetivos de fundo do golpe parlamentar: aniquilar os direitos trabalhistas e previdenciários e entregar nossas riquezas naturais ao capital internacional”.

Ela acredita que “diante do impasse eminente, a tendência é que cresça ainda mais o movimento popular e se ampliem as aspirações democráticas em favor de uma velha/nova bandeira: Diretas Já!”

Na avaliação da senadora, “sabedores de que o impeachment era apenas um meio para viabilizar uma decisão política já tomada, os golpistas argumentam que o rito foi plenamente respeitado. O eventual respeito a uma regra formal, entretanto, não elimina a ilegalidade e a imoralidade de seu conteúdo como, infelizmente, demonstra a nossa história”.

Repercussão mundial

Ela também avaliou a repercussão mundial da posse do presidente “biônico” Michel Temer. “Foi a pior possível”, destacou Vanessa, acrescentando que “o mundo tem claro que houve um golpe parlamentar no Brasil”.

O jornal britânico The Guardian afirmou que houve um golpe de Estado para depor a presidenta Dilma e “matar a Lava Jato”; o norte-americano Washington Post disse que os senadores “se uniram pela retirada de Dilma sabendo que seria injusto”; o francês Le Monde, que “Dilma é vítima de um golpe encenado por seus adversários”; e o espanhol El País, no editorial “Golpe baixo no Brasil”, diz que a destituição de Dilma “implica um dano imenso às instituições brasileiras”.

A senadora alertou para “o Temer real que surge após a posse: autoritário, arrogante, ‘proibindo’ que lhes chamem de golpistas e determinado a iniciar as reformas contra o povo”.

A tendência é que esse tipo de postura autoritária se acentue ainda mais diante das manifestações que exigem “Fora, Temer” e novas eleições, a exemplo do protesto no centro de São Paulo, onde uma estudante perdeu a visão de um olho após ser atingida por bombas da PM.