Com os ouvidos limpos pelas vaias, Padilha admite que subestimou atos

Michel Temer foi dormir com os ouvidos danificados depois da estrondosa vaia e gritos de "Fora Temer" no Maracanã, na abertura da Paralimpíadas do Rio, nesta quarta-feira (7). Como efeito, o seu ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, resolveu admitir que o governo subestimou os protestos contra o golpe.

Eliseu Padilha - Lula Marques

"Quero fazer um mea culpa, todo protesto deve ser respeitado, é algo natural da democracia e assim deve ser tratado", disse Padilha em entrevista à Folha de S. Paulo.

Enquanto o marqueteiro queima os neurônios tentando, sem sucesso, encontrar uma resposta milagrosa para o "Fora Temer", o gabinete adota agora a estratégia de não criticar as manifestações. Os ministros já foram orientados a evitar críticas às manifestações. O medo é que as declarações estimulem mais pessoas participarem dos atos.

Nesta quarta (7), no entanto, a tática era inversa. após a vaia que Temer recebeu quando ele chegou à tribuna de autoridades para assistir ao desfile militar, os ministros saíram desdenhando.

"Quando começou o barulho, vindo das arquibancadas, era de um grupo pequeno", disse o próprio Padilha. "A dimensão [das manifestações] é de 18 pessoas em 18 mil. Está boa", completou.

Agora, Padilha muda o tom e diz que vai tentar separar os protestos de cunho político daqueles que possuem uma pauta específica de reivindicações. "Mas quando for protesto com uma pauta de reivindicação, como a reforma agrária, vamos chamar estas pessoas para conversar no Palácio do Planalto, ouvi-los e buscar uma negociação", destacou.