Publicado 16/09/2016 16:34
Mas foge da realidade ao se aprofundar no preciosismo e na composição profundamente idealizada da nobreza britânica. A educação fina e os sentimentos e moral elevada da família e dos empregados de Robert Crawley, o Conde de Grantham, lembram mais os mocinhos e mocinhas dos castelos de Walt Disney do que a realidade da Inglaterra naquele momento.
Tal irrealismo, entretanto, não prejudica a série. Assim como os contos de fadas adaptados dos irmãos Grimm para um formato mais agradável, a boa vida da família Crawley, suprida de riqueza, beleza, afeto, cultura, e servida por uma criadagem agradecida pela posição que ocupa, funciona como um ilusionismo sedutor.
A história se passa no magnifico castelo em Downton Abbey, fictícia propriedade rural da família Crawley.
Na parte superior do castelo a nobreza desfruta de suas regalias e privilégios, herdados de seus antepassados. No subsolo vivem os inúmeros empregados, organizados em um elaborado sistema hierárquico.
A série começa com a notícia do naufrágio do Titanic (1912) e termina no ano de 1924. A 1ª Guerra Mundial, a Revolução Russa, o fortalecimento do capitalismo e a necessidade de tornar a propriedade mais produtiva impactam a vida da família, ilustrando as transformações da época. Mas, como ingleses exemplares, eles resistem bravamente à tudo que possa abalar seus costumes e tradições.
Embora idealista, a história é sensível e amarrada de forma inteligente e interessante. Sua produção impecável, em nenhum momento cai na vulgaridade ou no apelo por uma plateia abundante. Com uma fotografia ora bucólica e verdejante, ora glamourosa e Art déco Downton Abbey é um presente para os sentidos. Um luxo que passa ao largo da brutalidade das relações de classe e do sistema de produção que se impunha à época.
Assista ao trailer da 3ª temporada: