Prefeito de Berlim terá de ampliar aliança para governar

Michael Muller, do partido Social-democrata Alemão (SPD) venceu mais uma vez as eleições na capital do país, Berlim, mas desta vez terá de reconsiderar sua aliança com o partido conservador CDU, da chanceler Angela Merkel, que teve seu pior resultado na cidade desde sempre, com pouco mais de 17,6% dos votos.

Michael Müller

Os sociais-democratas do SPD ganharam, tal como em 2011, com 21,6%, mas o mau resultado da União Democrata Cristã (CDU) não permitem que se mantenha no poder a coligação somente destes dois partidos. Para governar, o presidente da câmara social-democrata Michael Müller terá de fazer uma aliança com mais algum outro – provavelmente com o Partido Verde, que ficou em terceiro, com 16,5%. Outro partido que pode ser integrado à coligação, dependendo de aceitação ou não da CDU, é o Die Linke, que agrega antigos comunistas a outros setores da esquerda, que teve um resultado equivalente ao Verde.

Estes resultados são dados pela imprensa alemã como uma "punição do eleitorado", insatisfeito com os resultados da política de abertura de portas aos refugiados no ano passado. A Alternativa para a Alemanha (AfD), com um discurso claramente racista, tem usado de forma oportunista o descontentamento, sobretudo na Alemanha Oriental, pouco habituada a lidar com a imigração. O resultado disto é que o partido com três anos, que começou por ser anti-euro e agora é contra a imigração e contra o Islã, embora não esteja no Bundestag , já conseguiu eleger deputados em dez parlamentos regionais.

Berlim era uma cidade que tinha até agora resistido às tendências direitistas e xenófobas. O presidente da câmara não tinha hesitado em afirmar, durante a campanha, que se a AFD tivesse mais que 10% dos votos, “isso seria interpretado no mundo inteiro como um sinal do renascimento da extrema-direita e dos nazis na Alemanha".

O partido anti-imigração de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD) conseguiu entrar no Parlamento estadual, obtendo cerca de 11%. O Partido Pirata, que em 2011 tinha entrado no parlamento berlinense, com 8,9% dos votos, desaparece desta vez. E o Partido Democrático Liberal (FDP), que nas últimas eleições não tinha conseguido o mínimo de 5% dos votos para conseguir representação parlamentar, regressa este ano ao parlamento, com uma votação pouco maior de 6,5%.

Para a CDU de Merkel, é a segunda derrota eleitoral em duas semanas, depois de ter sido ultrapassada pela AfD, no início de setembro, no estado-federado de Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental – que, para agravar a humilhação, sempre foi o bastião eleitoral da chanceler alemã.