Direitos Humanos da OAB-MG denuncia abuso policial durante desocupação
A tentativa de despejo de cercas de 300 famílias que ocupam um terreno da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte, na região do Barreiro, terminou no último domingo (18) em mais um episódio de abuso de poder e violência policial.
Por Mariana Viel, da redação do Vermelho-Minas
Publicado 20/09/2016 13:54 | Editado 04/03/2020 16:49
Segundo o advogado Daniel Deslandes, membro da Comissão de Direitos Humanos da OAB-MG, que acompanhou a ação, a polícia militar não apresentou mandado para a reintegração de posse e atuou com violência incompatível com a situação.
“A polícia militar não tem competência ou legitimidade institucional para reconhecer ou negar a posse de quem quer que seja. A PM usurpou a atribuição do poder judiciário e da Polícia Civil ao produzir prova sobre questão possessória”, explica.
Ele relata que o comando do Batalhão de Choque, em manifesto abuso de autoridade e desvio de finalidade, avançou pelo terreno realizando o disparo de bombas de efeito moral e balas de borrachas contra as famílias que ocupavam o local – inclusive crianças e idosos.
Os próprios representantes da Comissão de Direitos Humanos (CDH) da OAB foram feridos pelos disparos. “Eu e o doutor William Santos, presidente da CDH da OAB, fomos atingidos pelos estilhaços de uma bomba – jogada propositalmente pelo comando do batalhão de choque sobre os membros da OAB que acompanhavam o impasse. O comando do Choque foi advertido da necessidade da presença do órgãos de proteção, mas resolveu ignorar”, denuncia Deslandes.
De acordo com Willian Santos, ainda no domingo (18) a OAB-MG acompanhou o caso do único civil detido durante a desocupação. Ele explica ainda que através do contato com o deputado estadual Rogério Correa foi agenda uma audiência pública na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), nesta quarta-feira (21), a partir das 9 horas, para discutir a ação da polícia militar.
Fotos reprodução redes sociais/ Reginaldo Silva