China reforça presença na América Latina

A visita do premiê chinês Li Keqiang a Cuba deve terminar no dia 28 de setembro e é revestida de uma forte importância geoestratégica para o vice-diretor do Instituto da América Latina da Academia de Ciências da Rússia, Boris Martynov.

Navio da Marinha chinesa no porto de Havana

Li Keqiang é o premiê chinês a visitar Cuba, embora o presidente Xi Jinping tenha visitado o país latino-americano por duas vezes, a última em 2014.

A visita é considerada "pragmática" pelo especialista do Centro das Relações Internacionais do Instituto da Mídia chinês, Yang Mian, porque está ligada à realização de múltiplos projetos bilaterais.

"Acrescento também que agora se estão realizando reformas e uma reestruturação na economia de Cuba. Por isso, a visita de Li Keqiang a Cuba ajudará também ao progresso das reformas econômicas no país, à consolidação de contatos e à cooperação entre as duas nações na economia", disse Mian.

Além disso, o analista destacou que Cuba foi o primeiro país da América Latina que estabeleceu relações diplomáticas com a China.

Pequim e Havana têm mantido contatos ininterruptos e estabeleceram uma profunda amizade. Ao mesmo tempo, Li Keqiang visita o país depois das visitas do presidente norte-americano Barack Obama em março e do primeiro-ministro japonês Shinzo Abe.

Segundo Martynov, "acontece uma disputa por influência, está sendo realizada uma corrida – quem será o primeiro a explorar o mercado cubano, a desenvolver os laços com este país. É do que trata a visita de Li Keqiang e também a assinatura de acordos".

Ele considera a América Latina como um espaço em que Estados Unidos medem forças com a China, ao mesmo tempo que procuram não perder sua influência na região para o gigante asiático.

A China declarou ainda há dois anos que quer desenvolver relações com Cuba através de industrialização e de cooperação em projetos de infraestrutura e industriais.

Os acordos realizados em Havana abrangem a biotecnologia, novas fontes de energia, telecomunicações, equipamento agrícola e outras áreas. A China perdoou parte da dívida cubana e aprovou quatro linhas de crédito simultâneas.

A televisão cubana afirmou que os recursos financeiros serão investidos em projetos nas ilhas.

Na opinião de Martynov, as áreas principais de investimento são o turismo e a exploração geológica, porque já hoje Cuba pode satisfazer até 30% das suas necessidades em combustível.

"O combustível é uma área vulnerável da economia cubana, especialmente em relação às perspectivas pouco claras na Venezuela", disse Martynov, acrescentando que Cuba possui uma ótima posição geoestratégica.

"O significado de Cuba crescerá com a ampliação do canal do Panamá e a perspectiva de construção de mais um canal entre os oceanos Atlântico e Pacífico na Nicarágua", destacou o analista.

Os EUA não pretendem levantar as sanções econômicas no futuro mais próximo e deixar Cuba se desenvolver rapidamente. O Japão está esperando a decisão de Washington e não pretende desenvolver os projetos anunciados por Shinzo Abe.

Assim, a visita de Li Keqiang com propostas reais deve melhorar a imagem da China entre os cubanos. Segundo o analista russo, "Cuba se tornou para a China uma janela para a América Latina e a China está agradecida".