Debate nos EUA: Muito insulto e pouco conteúdo

Um aperto de mãos protocolar encerrou na noite de domingo (9) o segundo debate dos dois candidatos do sistema à presidência dos Estados Unidos, marcado pelas insultas e pelo conteúdo quase inexistente.

Donald Trump e Hillary Clinton durante o segundo debate nos EUA - Patrick Semansky/AP

Donald Trump e Hillary Clinton, os candidatos dos partidos Republicano e Democrata, realizaram na noite de domingo o segundo debate entre os dois, mais interessados em insultar um ao outro que apresentar propostas de governo para o país. A mídia não permite a participação de outros candidatos presidenciais no debate, tratando-os como figuras menores e reafirmando o sistema de exclusão política estadunidense.

Realizado na Washington University de Saint Louis, no estado do Missouri, nenhum dos candidatos decepcionou: Hillary Clinton acabou aparecendo menos incorreta e mais comedida, enquanto Donald Trump aceitava seu papel de incendiário.

Trump levou ao debate três mulheres que acusam o marido de Hillary, o ex-presidente Bill Clinton, de violação e assédio sexual, e uma outra, que aos 12 anos foi violentada e que viu seu estuprador ser defendido por Hillary.

Tudo isso foi usado pelo candidato republicano porque recentemente foi divulgado um vídeo seu em que pavoneia, com muita vulgaridade, as suas conquistas sexuais. O vídeo gerou forte pressão contra ele e indignação dentro do próprio partido Republicano.

Quando os dois candidatos se dirigiram a seus púlpitos no teatro da Universidade, mal se cumprimentaram e logo o tema veio à baila.

Trump tentou minimizar o vídeo, afirmando que se tratava de uma conversa boba, sem importância e com algumas palavras inadequadas, mas logo disparou contra Hillary, apontando para ela as supostas agressões cometidas pelo ex-presidente, qualificado por ele como "o maior abusador sexual" que já ocupou cargo político nos Estados Unidos.

Hillary foi enfática ao dizer que Trump sequer se desculpava das atitudes que havia tomado, dizendo que ele jamais poderia ocupar, pelo despreparo, o cargo de presidente do país e que ele, Trump, ainda deve desculpas formais a Barack Obama por ter questionado abertamente se o presidente nasceu mesmo nos Estados Unidos.

Mais tarde, Trump disse que vai pessoalmente entregar um pedido à Procuradoria dos Estados Unidos, caso seja eleito, para que investigue a ex-secretária de Estado por ter utilizado servidores inseguros para se comunicar por mensagens eletrônicas enquanto ocupava o cargo.

Hillary tentou escapar da acusação dizendo que assumia o erro, mas os e-mails não haviam caído em "mãos inimigas" e que as investigações que duraram mais de um ano não chegaram a apontar uma responsabilidade pela qual pudesse ser acusada.

Segundo ela, seria mais proveitoso investigar Trump e as supostas ações da Rússia para favorecê-lo, com a alegação de que os russos estavam fazendo ataques virtuais ao país para influenciar os americanos nas eleições presidenciais e desgastar a sua imagem. Trump lembrou que sequer conhece o presidente russo, Putin, e os apresentadores afirmaram que a Rússia sempre negou que tivesse qualquer intenção de apoiar este ou aquele candidato, muito menos de interferir virtualmente nas eleições dos EUA.

Temas que poderiam indicar os projetos de cada candidato para o futuro do país rapidamente viravam objetos de ataque entre os dois candidatos. O plano de saúde de Obama, o papel do país no Oriente Médio, a criminalização do Islã, o tratamento das minorias ou de como criar novas fontes de energia para os EUA foram deixados de lado convenientemente.

No fim do debate, mais uma vez de forma protocolar, os dois candidatos trocaram frios elogios. Trump reconheceu que Hillary é indômita, enquanto ela mostrava admiração pela forma como Trump se dedica a seus filhos, "o que mostra muito dele", afirmou.

Os analistas locais acreditam que Trump se saiu melhor neste debate, mas mesmo assim ainda acham que Hillary deve continuar liderando as pesquisas. Ela está melhor posicionada, tem mais experiência, o que a ajuda a expor de forma eficaz os escândalos do rival.

Do Portal Vermelho, com agências