Mulheres repudiam Alexandre Frota em apoio a Eleonora Menicucci
A sentença da ação que o ator Alexandre Frota move contra a ex-ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres Eleonora Menicucci deve sair na semana que vem. Na última terça-feira (11), ocorreu a segunda e última audiência do processo, movido pelo ator.
Publicado 13/10/2016 11:47
Em março do ano de 2015, o ator Alexandre Frota, conhecido principalmente por atuar em filmes pornográficos, declarou num programa de televisão que havia estuprado uma mãe de santo que ficou desacordada.
Indignada a ex-ministra da secretaria de Políticas para as Mulheres, Eleonora Menicucci, criticou Frota por apologia ao estupro. O ator se sentiu ofendido e moveu ação exigindo pedido de desculpas e R$ 35 mil reais de indenização.
Frota chegou ao Fórum do Juizado Especial Cível, no centro de São Paulo, fazendo provocações a um grupo de mulheres que se manifestavam em apoio à ex-ministra. Elas também reclamaram que foram impedidas pela polícia de permanecerem em frente ao local onde se realizava a audiência. Já Eleonora não pôde dar entrevista para não atrapalhar o processo.
O jornalista esportivo Juca Kfouri foi uma das testemunhas de defesa de Eleonora Menicucci. "Me ofereci para ser testemunha porque fiquei indignado ao ver o vídeo, ao lado de minha filha, que ficou mais indignada ainda, por razões óbvias. Mais indignado ainda fiquei quando soube que ela estava sendo processada. Se aquilo não é uma apologia ao estupro, não sei mais o que pode ser", afirmou Juca em entrevista ao repórter Jô Miyagui, para o Seu Jornal, da TVT.
Para a socióloga Arlete Fonseca de Andrade, que esteve entre as apoiadoras da ex-ministra, as declarações do ator simbolizam a cultura machista. "Pessoas que fazem esse tipo de declaração causam um mal tremendo para a nossa sociedade."
Já Guiomar Lopes, médica e professora da Unifesp, classificou a situação como "surreal". "Não consigo compreender como é que há uma inversão tão grande, e ela (Menicucci) passa a ser a ré. Representa bem os tempos que estamos vivendo, de retrocessos, de posições cada vez mais fundamentalistas."
Na saída do tribunal, Alexandre Frota disse que o referido relato se tratava de uma piada, e que não se arrepende do que fez.