Virgínia Wolf: todo artista vai à guerra

A escritora britânica disse que a arte aproximava seus criadores do humano e defendia: quem busca a paz não pode renunciar à vida.

Por Christiane Brito

virginia woolf - Divulgação

No entanto, suicidou-se. Digo que foi um ato extremo de resistência e não de desistência, expressou o sofrimento que as guerras podem causar ao povo. E aos artistas que não fogem da luta!

Uma cobra abocanha um sapo, que fica entalado na sua garganta. A cobra é voraz, o sapo não se entrega, a cobra engasga e enjoa. O sapo agoniza.

Esta imagem real, que a escritora britânica Virginia Woolf presenciou com seu marido, Leonard, num brejo próximo a Londres, acompanhou-a até o final da vida, tornando-se uma cena de seu último livro, "Pointz Hall". Representa o imperialismo de todos os tempos, vitimando países e populações, além de culturas. E extirpa os valores humanos pela raiz a pretexto de salvar o homem.

Corrida aos bancos alemães, 1930

Na época da visão da cobra e o sapo, início dos anos 1930, uma crise econômica de grandes proporções assolava a Inglaterra e o mundo capitalista. Estopim da bomba? De uma delas, são tantas, e quando finalmente nos alvejam é tarde demais. São ignorados todos os sinais de decadência de valores e de acirramento de sentimentos extremistas. A guerra é insidiosa e se entremeia ao cotidiano com suavidade tenaz, em princípio, escamoteando a realidade, sempre com a cumplicidade da mídia de velas infladas na direção de ventos e interesses a favor.

Virginia tinha seu próprio e obstinado modo de leitura do noticiário, discernindo fato de fantasia. Temia tanto a invasão nazista quanto a propaganda inglesa e sua fogosa produção de heróis. Os heróis de hoje, pensava, talvez sejam os párias de amanhã, tocando realejos para sobreviver.

Sabia, por experiência, como é sinistro o destino dos veteranos de guerra.

Virginia atravessou as sombras do cotidiano em meio às cisões, “a separação entre os reinos da grandeza e da pequeneza”.

Nessa gangorra de sobressaltos, as contradições se aguçavam, especialmente na alma de uma artista como Virginia. Ela então milita, revê padrões, viaja ao passado na falta de perspectivas para o presente, resgata a dor que acalentou a duras penas na vivência da Primeira Guerra. Psicanalisa, conclui que o peso do sofrimento do pai, também escritor, a condenou a viver em uma estufa emocional e intelectual. Que finalmente se estilhaça na chegada dos 50 anos.

Virgínia com o pai, Sir Leslie Stephen

"Todas as vaidades são menos que um caramujo na Zínia", escreveu Virginia Woolf a sua irmã, Vanessa, nessa idade, redimensionando os campos e superposições da existência.

Alardeou que o alheamento não é alternativa para o artista, um ser amalgamado com as paixões humanas, por isso mesmo aprofunda a sensibilidade em tempos de sofrimento. A saída é optar pelo caminho possível, que é a política. E Virginia o trilhou.

Persistiu, produziu muito, sofreu e enlutou nos anos que finalmente culminaram na guerra declarada e em uma sociedade em desordem, na qual o suicídio era assunto corrente. Em 14 de junho de 1940, as tropas nazistas tomaram a cidade de Paris, acuando a escritora e toda sua esperança de livramento do desespero interior.

Em 28 de março de 1941, retomando a cobra e o sapo, que a levaram a um pesadelo em que uma pessoa se lançava ao mar, descobriu que essa pessoa era ela mesma. Mergulhou no lago com pedras nos bolsos, asfixiou-se com a água e com a genialidade que escapa a classes sociais, escolhas políticas e, sobretudo, à mesquinhez da raça humana. Não quis punir ninguém, deixou cartas de amor para o marido e a irmã.

“Se eu não sofresse tanto, não poderia ser feliz” (Virginia Woolf, em seu diário)

A guerra em capítulos

A escritora britânica detalha em seu diário o passo a passo da silenciosa preparação da guerra, na década de 1930. Os textos foram reproduzidos em “Virginia Woolf, a medida da vida”, biografia de Herbert Marder.

O relato é didático, mostra como o espectro da guerra é tão devastador quanto a própria e leva a alma do artista, obrigatoriamente, a se engajar na política.

Reproduzi aqui os fatos do livro, em ordem cronológica, como se fossem manchetes de jornais. Qualquer semelhança com os acontecimentos recentes no mundo e na Europa pode não ser mera semelhança.

Crise financeira na Europa se agrava

Manifestantes contra o despejo de família pobres, Chelsea, Inglaterra,1930

O dramático realinhamento da política britânica, durante o verão e o outono de 1931, quando a crise financeira mundial chegou ao auge, foi seguido por uma desilusão muito ampla – uma percepção, particularmente entre os jovens, de que o mundo se movia de novo para a guerra. O clima sombrio da nação impressionou dessa vez até mesmo o Times. Seu editorial no dia do Ano Novo, no costumeiro estilo opaco, notou a desconfiança do povo quanto aos “usos e futilidades para os quais o Parlamento se volta” e a tendência em comparar a situação da época com a de 1914. A tendência fascista era percebida até entre os socialistas, segundo C.E.M. Joad, e deixava o país mais vulnerável a um movimento autoritário que poderia ser o prelúdio do fascismo inglês. Fatos ocorridos no final desse ano confirmariam em parte seus temores.
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Corte no seguro-desemprego pode salvar país da crise

Passaporte de Nansen, usado por 40,1 milhões de refugiados sem-pátria entre 1914 e 1945, na Europa e Ásia

Em 22 de agosto, os ministros do gabinete, chamados de volta a Londres, saíram de seus refúgios de verão, na Escócia e na Riviera Francesa, para uma reunião de emergência. Ao longo do mês, tinha havido uma corrida secreta aos bancos, que a imprensa encobriu, e o Tesouro se via sob a ameaça de ficar sem dinheiro. O déficit destruíra a fé no sistema monetário, e os bancos estrangeiros recusavam-se a conceder novos empréstimos, a não ser que se impusessem drásticas economias ao governo e ao povo. O maior centro financeiro do mundo estava à beira de um colapso. Levados por essas previsões sinistras, os ministros decidiram economizar, mas não chegavam a um acordo sobre como fazê-lo. Uns queriam impostos mais altos sobre os ricos, outros um imposto sobre importação. A maioria era a favor de um corte no seguro-desemprego, benefício mensal então pago a 2,7 milhões de trabalhadores, mas uma minoria expressiva se opôs.
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O luxo particular dos ricos não é supérfluo

Refugiada, viúva, e seus filhos (NY) em foto da premiada Dorothea Lange

Ao relatar a crise em seu diário, Beatrice Webb sintetizou a indignação sentida pelos esquerdistas-socialistas. Segundo ela, os cortes na previdência social foram feitos às expensas dos pobres, que eram politicamente muito fracos para defenderem seus interesses. Os ricos permaneceram totalmente ilesos e continuaram a desfrutar de seus prazeres e privilégios. O luxo particular dos ricos aparentemente não é um gasto supérfluo, concluiu Beatrice.
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O desarmamento gera um debate sem consenso

Londres destruída após bombardeio, II Guerra Mundial

O temor de Virginia Woolf de “estarem as coisas geralmente erradas no universo” coincidia com um aumento de tensões na Europa. Cada vez mais era óbvio ser inevitável a guerra. No ano anterior, a Liga das Nações Unidas contava com forte apoio popular, mas a conferência de desarmamento convocada por ela, que se iniciou em fevereiro de 1932, terminou num impasse, com vinte e sete planos incompatíveis sobre a mesa. Assim extinguia-se a esperança de que a razão prevalecesse.

Reportando-se à confusa posição da Grã-Bretanha sobre o desarmamento, o historiador A.J.P. Taylor menciona a vulnerabilidade de Londres aos ataques aéreos, o que deveria ter levado os delegados britânicos “a concordar plenamente com a abolição da guerra aérea. Mas eles fizeram uma trapalhada. As negociações sobre desarmamento, descendo a minúcias, geralmente revelam perigos que não tinham sido notados antes e deixam seus participantes ávidos de ainda mais armamentos. Essa conferência não foi exceção à regra”.
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Enquanto o nazismo avança, líderes ingleses dirigem com olhos fixos no retrovisor

Princesa Elizabeth faz primeiro pronunciamento em rádio, 1940

A designação de Hitler alemão como chanceler em 30 de janeiro de 1931 não causara no exterior nenhum alarme excessivo. O Terceiro Reich se instalou com aparente falaz suavidade – as peças se encaixaram facilmente, a partir de ações bem planejadas e rápidas que não deixavam margem a resistência: o incêndio do Reichstag em 27 de fevereiro – pretexto nazista para solapar o governo parlamentarista; as eleições gerais de 4 de março – que consolidou o poder nas mãos de Hitler; e o ato institucional de 23 de março, que autorizou o dirigente alemão a governar por decreto. Em menos de dois meses, Hitler havia subvertido a frágil República de Weimar e assumido poderes de ditador absoluto, disfarçando o golpe de Estado sob uma fachada de legalidade. Enquanto sucediam tais fatos, os governantes da Inglaterra, dirigindo com os olhos fixos no espelho retrovisor, mantinham suas noções obsoletas do que era politicamente vantajoso e aceitável – posição que Hitler explorou com habilidade.
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O colapso dos valores civilizados empalidece a perseguição aos judeus

Crianças comemoram Natal em abrigo subterrâneo na cidade de Londres

O grande maestro Bruno Walter, ex-regente da sesquicentenária Gewandhaus Orchester de Leipzig, ele mesmo judeu, disse que a perseguição aos judeus chegava a empalidecer em comparação com o colapso geral dos valores civilizados. A mudança tinha ocorrido com uma velocidade impressionante. Como era possível que a Alemanha com sua música, sua cultura, tivesse sucumbido a esse pavoroso império da intolerância? Intolerância contra judeus, democratas, socialistas, comunistas, ciganos, eslavos, e todos aqueles que não aceitavam o credo de Adolf Hitler.
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Hitler executa os camisas-pardas, entre os quais o mais próximo que teve de um amigo

Em 1º de julho de 1931, os jornais noticiaram que Hitler ordenara a matança de centenas de camisas-pardas, seus seguidores, entre os quais o comandante dessas forças de assalto, Ernst Roehm, a coisa mais parecida com um amigo que ele teve. Foram todas execuções sumárias, só justificadas pela alegação infundada do próprio Hitler de que as vítimas tinham planejado um golpe contra ele
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Imprensa manipula: num dia decreta o fim do mundo, no seguinte, volta a banalidades

Mussolini saúda tropa que foi para a Etiópia (Abissínia)

Em 4 de setembro de 1931, com a Liga das Nações prestes a realizar, já sem grandes esperanças, uma última reunião sobre a Abissínia (a Itália de Mussolini queria incorporar esse país africano, vizinho e enfraquecido), Virgínia Woolf observou em seu diário que os jornais diziam ser esse o dia mais crítico desde que o Rei George V declarara guerra em 1914. Na véspera, quando a escritora foi a Londres, viu slogans pró-fascistas pintados nas paredes: “Não lute por estrangeiros. Bretão que cuide do que é seu” e depois um símbolo num círculo, a insígnia do raio circunscrito da British Union of Fascists, de Mosley.

Na manhã seguinte, caminhando com Leonard, o casal deu com uma agonia: uma cobra engolindo um o sapo, engolido até o meio e sugado bem devagar. Leonard, com uma vara, mexeu no rabo da cobra. Virginia teve a impressão de que a presa estava sufocando seu devorador, numa explosão de violência em câmera lenta que se gravou a fundo em seu íntimo. “A cobra enjoou com o sapo esmagado”, escreveu, “e eu sonhei com homens cometendo suicídio, pude ver um homem se atirando à água”.

Tais imagens – a Itália postada para engolir o indefeso vizinho, os slogans fascistas, a cobra e o sapo, depois um corpo na água, convergiam. Nessa noite, ouvindo no rádio, entre chiados, um programa sobre a recusa de Mussolini em negociar, Virginia sentiu um tremor de medo por seu país – reação inesperada já que não acreditava em patriotismo. Na manhã seguinte, os jornais estavam menos melodramáticos, prevendo que a crise se arrastaria por algum tempo e hostilidades não eram iminentes. Sobre o tempo ventoso e o sombrio clima político, Virginia fez esta observação: “Vento violento e chuva; sol violento e luz, e eles continuam conversando, ameaçando, avançando e recuando em Genebra”.
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Homens confusos e as boas intenções que resultam em desastres

Atrizes do Teatro Windmill, Londres, nos bastidores após espetáculo, II Guerra Mundial

Virginia pensou na cobra e no sapo depois de assistir ao congresso anual do Partido Trabalhista, em 1º de outubro. O clímax do congresso surgiu com a discussão quanto à Inglaterra preparar-se, ou não, para apoiar sanções econômicas à força, se Mussolini invadisse a Abissínia. O líder do partido, George Lansbury, falando pela velha escola de socialistas internacionais, apoiou nominalmente a Liga das Nações e seu sistema de segurança coletiva, mas se opôs ao mesmo tempo a sanções à Itália, que a seu ver aumentariam as possibilidades de guerra. Leonard Woolf descreveu-o como “um desses homens bons, sentimentais, confusos e ligeiramente insinceros que, em teoria, têm pretensões tão boas e na prática fazem tanto mal”.
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A impossível arte de conciliar o desencanto com a guerra e o enlevo da criação

Como Virginia poderia conciliar seus instintos políticos com suas responsabilidades como artista? Leonard, com quem ela conversava enquanto atravessavam o brejo, disse que “a política deveria ficar separada da arte”. Naturalmente ela concordou, mas essa fórmula não dissolveu sua raiva nem seu desejo de integrar-se à luta contra o fascismo. O congresso do Partido Trabalhista motivou-a a articular sua posição. Passou os três dias seguintes num estado de agitação febril ao rascunhar um capítulo de “A próxima guerra” (por fim intitulado Three Guineas). Evidenciou-se como sua preocupação era relevante quando, em 3 de outubro, Mussolini de fato enviou suas tropas para a Abissínia. Rapidamente a Liga das Nações aprovou sanções econômicas que não tiveram nenhum efeito notável.
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Mãos atadas ou braços cruzados?

Ativista da resistência inglesa e criança desabrigada, II Guerra Mundial

Em 7 de março de 1936, encorajado pelo fracasso da Liga das Nações em deter Mussolini na Abissínia, Hitler avançou com suas tropas pela desmilitarizada Renânia, violando assim o tratado de paz de Versalhes; a França e a Inglaterra nada fizeram.
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Luta de classes está no cerne da violência

Rei George VI e Rainha Elizabeth no Palácio de Buckingham, destruído após bombardeio alemão.

A infelicidade e a pobreza eram fomentadas pelo sistema de classes, no entender de Virginia, que se sentia pessoalmente responsável por isso, tendo em vista suas relações e sua renda pessoal.
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O franquismo se avulta

Guerra civil espanhola, no final dos anos 1930, em foto de Robert Capa

A situação na Europa se deteriorara ainda mais com a eclosão da guerra civil na Espanha, onde as tropas de Franco já lutavam contra as forças legalistas desde 16 de julho.
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A prática da arte aproxima o artista do humano

Virginia tinha acabado de escrever um artigo sobre o artista e a política, “The artist and politics”, para o jornal comunista Daily Worker, afirmando que os artistas, que em geral tentam manter-se fora dos debates políticos, deveriam renunciar a esse distanciamento em momentos de crise como aquele. O interesse comum do artista pelas paixões humanas e a percepção dos sentimentos das massas necessariamente o atrairiam, a ele ou a ela, para a luta, “pois a prática da arte, longe de colocar o artista fora de contato com a sua espécie, aumenta ainda mais sua sensibilidade”.

Os artistas não poderiam ignorar as vozes que os chamavam para sair de seus estúdios e ateliês, devendo tornar-se politicamente ativos para garantir sua sobrevivência e a da própria arte.
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Frivolidades nunca saem de moda

A notícia de que o rei pretendia se casar com a considerada inadequada Mrs. Simpson produzia manchetes por toda parte, menos na Inglaterra purista. Quando o caso foi finalmente exposto, tornou-se foco central das atenções. Virginia observou que “toda a Londres estava alegre e loquaz, não exatamente alegre, mas excitada”. O espetáculo absurdo, acrescentou Virginia, ocupava todo o espaço dos noticiários de jornais, nada sobre a Espanha, a Alemanha, a Rússia, todos cediam às fotos chamativas de Mrs. Simpson saindo de seu carro ou a revelações sobre sua bagagem. Como observou Keith Feiling, biógrafo de Neville Chamberlain, “por dois meses preciosos, enquanto o genro do Duce, Ciano, estava em Berchtesgaden, enquanto a Alemanha assinava com o Japão pacto contra o Komintern e enquanto soldados fascistas entravam na Espanha”, o governo britânico preocupava-se exclusivamente com o desejo insignificante desse homem se casar com uma divorciada americana.
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Tudo indo e vindo e no entanto mudando

Jovem lê livro de história livraria de Londres, destruída após bombardeio

Virginia dedica-se ao livro “Os anos”, onde conta a história de uma família, particularmente da filha mais velha, Eleanor, que vive todo o prelúdio e eclosão da primeira guerra. Virginia se identifica com a personagem, coloca o drama íntimo que vive, com a guerra sobre a cabeça, no papel, usando uma precisão cirúrgica para transmitir o que sente. Virginia comenta que, quando revisava o livro, havia colocado abaixo um matagal de detalhes para impedir que fizessem sombra sobre o padrão geral. “Quero manter o individual, e a impressão das coisas vindo e voltando e no entanto mudando. E é isto que é tão difícil: combinar os dois”. No final do romance, Eleanor conclui que a vida resiste a todas as nossas tentativas de a resumir ou explicar, sendo composta por uma série infinita de acontecimentos e sensações casuais.

A impressão de recorrência e mudança vindo juntas, de passado e futuro interligados em outro plano qualquer, impregna as cenas finais. Publicou o livro em 15 de março de 1937.
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A guerra nem começou

Virgínia Woolf travestida de homem, como um príncipe da Abissínia, em meio ao seu grupo, Bloomsbury

Encerro aqui o encadeamento de fatos que o livro mostra. A narrativa vai muito além, até 1941, até a morte de Virginia. Mas a minha tese leiga — do suicídio como falta de esperança após viver duas guerras mundiais — não precisa de mais elementos.

A vida humana está imersa no oceano político, sob a mira da guerra. Muitos se iludem acreditando que estão com os pés secos e firmes em ilhas de neutralidade. Não existem, assim como as sereias.