Alunos decidem desocupar maior colégio do PR para preservar movimento

 Estudantes rejeitam acordo que previa desocupação de outras 24 escolas para concentração apenas no Colégio Estadual do Paraná. "Não vamos tirar o valor das outras lutas. Essa luta é de todos e vai crescer".

Contra o desmonte da educação, secundaristas já ocupam 46 colégios

Os estudantes que ocupam o Colégio Estadual do Paraná (CEP) decidiram nesta sexta-feira (29) em assembleia recusar a proposta de acordo encaminhada pela Procuradoria-Geral do Estado, Ministério Público Estadual, e Defensoria Pública do Estado do Paraná para a desocupação de 24 das 25 escolas com ordem para reintegração de posse já expedida pela Justiça.

O acordo previa que as ocupações seriam mantidas por dez dias, mas concentradas, permitindo-se a manutenção, por 10 dias, da ocupação justamente no CEP. Os secundaristas, antes de desocuparam a maior escola pública do estado, no prazo de 24 horas da ordem de reintegração entregue às 16h30 da sexta, gravaram depoimentos e distribuíram nota explicando a decisão.

“Decidimos desocupar o colégio, no sentido de respeitar a horizontalidade do processo, não queremos ser protagonistas. Não vamos ficar como nome principal, todos os colégios que estão ocupados têm a mesma representatividade, não queremos ficar por cima de ninguém”, diz o comunicado dos alunos.

O objetivo da descoupação é, segundo, os estudantes, manter e expandir a força do movimento contra a Medida Provisória 746, que impõe mudanças na estrutura curricular do ensino médio não debatidas com a comunidade educacional, e contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que engessa os orçamentos públicos por 20 anos – aprovada na Câmara como PEC 241 e em tramitação no Senado como PEC 55.

"Essa não é uma luta nacional, não é só dos estudantes do Paraná. E não vamos desistir enquanto essa medida não for revogada", disse um dos estudantes.

Assista o vídeo do Mídia Ninja:

A decisão da assembleia foi encaminhada ao plantão Judiciário por meio da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogado do Brasil. “A proposta que nos foi mostrada fere os princípios básicos do movimento estudantil, porque nosso movimento é horizontal e qualquer decisão que venha a ser tomada tem de ser feita com a consulta a todos os alunos envolvidos. Não é uma decisão a partir de partido político ou movimento social, é uma decisão feita pelos próprios alunos, e essa proposta fere esse princípio”, disse um dos alunos.

“Decidimos que não vamos apoiar por nenhum segundo essa proposta de desocupar os outros 24 colégios e tirar o valor da luta deles e das motivações que eles têm, para trazê-los para cá e impor a eles a nossa representação”, acrescentou o outro estudante.

Com a desocupação, o movimento promete ocupar as ruas. “É uma luta histórica, maior série de ocupações do mundo. A gente sabe que não será para sempre, e, na rua, a gente vai dar muito mais trabalho. Não é fácil estar em uma ocupação, mas a gente está aqui pela educação brasileira e vai resistir, enquanto a MP (da reforma do ensino médio) e a PEC (do teto de gastos) estiverem de pé”, disse um outro secundarista.