MEC quer adiar Enem para manipular opinião pública contra ocupações
Parece que a nova tática estabelecida pelo governo Temer para acabar de vez com as 1.100 ocupações que se alastram em todo o país é colocando os estudantes contra os outros. Na tarde dessa terça-feira (1/11) o Ministério da Educação (MEC) emitiu comunicado dizendo que alunos "afetados" pelas escolas ocupadas, farão a prova do Enem entre os dias 4 e 5 de dezembro, enquanto os demais farão o exame neste fim de semana, tentando transformar as ocupações em um problema para a sociedade.
Publicado 01/11/2016 17:06
Por Laís Gouveia
A reação dos estudantes foi instantânea. Na página oficial do MEC, o maior alvo das reclamações é que, sendo a prova adida, muitos terão mais tempo para estudar, "acaba prejudicando quem irá prestar o Enem neste fim de semana, deveria marcar uma nova data para todos", afirmou uma internauta.
Em contrapartida, outros estudantes denunciam uma ação do MEC para jogar a opinião pública contra as ocupações, "parem de dividir a sociedade governo Temer", disse outro internauta.
Remanejamento seria solução, dizem estudantes
Os estudantes, que lutam contra a implementação da PEC 241 e a Medida provisória do Ensino Médio, propostas que irão congelar os investimentos em educação e intensificar a precarização da escola pública, reivindicam o remanejamento dos alunos que irão fazer a prova no próximo fim de semana para outros colégios que não estão ocupados.
No Paraná, onde mais de 800 escolas estão sob posse dos estudantes, o Tribunal Regional Eleitoral remanejou os eleitores que votariam nos locais ocupados no segundo turno, fornecendo até transporte para o deslocamento. O processo de votação ocorreu sem maiores problemas.
Em todo o processo de ocupação, que já dura um mês, nenhum representante do movimento foi chamado pelo MEC para o dialogo, ao invés disso perseguem estudantes, exigindo que dirigentes de Institutos Federais passem suas fichas completas e além disso, estipularam a última segunda-feira (31) como prazo limite para que os estudantes saiam das ocupações, dizendo que irão tomar medidas jurídicas, as violentas reintegrações de posse.
Os estudantes afirmam que só sairão de suas escolas contra a MP do ensino médio for revogada.