Sem Terrinhas repudiam invasão à Escola Florestan Fernandes
Cerca de 350 filhos e filhas de assentados e acampados do MST participaram de dois encontros voltados aos Sem Terrinha na manhã desta sexta-feira (04), na Escola Municipal Estrela do Chê, localizada no Assentamento Paulo Kageyama, no município de Eunápolis. O primeiro conta com crianças de 0 a 5 anos e o segundo de 6 a 12 anos.
Publicado 07/11/2016 10:49
Durante o Encontro, as crianças paralisaram as atividades por alguns minutos para acompanhar as notícias sobre a invasão feita pela Polícia Civil de São Paulo, na manhã desta quarta, à Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF), em Guararema (SP).
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Lorena Costa, de apenas 12 anos, manifestou apoio aos trabalhadores e trabalhadoras da escola e, junto com outras crianças, confeccionaram cartazes contra criminalização das lutas populares. “Nós Sem Terrinhas da Bahia repudiamos o ataque da polícia de São Paulo à Escola Nacional. Nossa luta é por uma vida digna, onde meus irmãos, meus pais e as criancinhas possam viver em paz”, destaca Lorena.
Ao mesmo tempo que denunciavam o caso, os Sem Terrinha trouxeram a simbologia da luta pela terra através de diversos gritos de ordem e brincadeiras de roda, reafirmando o sonho de uma sociedade mais justa e igualitária para todos e todas.
Solidariedade é um princípio
O Encontro dos Sem Terrinha traz como tema central o “Internacionalismo e Solidariedade às crianças da Síria”, buscando valorizar a infância Sem Terra e, ao mesmo tempo, desenvolver a solidariedade com os povos do mundo.
Com o ocorrido, o “princípio da solidariedade” toma novas dimensões e aponta a necessidade da organização e da luta nos campos táticos da classe trabalhadora. Através de diversas atividades como oficinas, rodas de leitura, campeonato de baleado, futebol, jogos interativos e interdisciplinar, estas questões estão sendo reafirmadas.
Jazian Mota, da direção estadual do MST, comenta que as atividades possibilitam a construção de diversos espaços lúdicos e de formação, permitindo que as crianças possam, nos primeiros anos de vida, desenvolver o exercício da solidariedade e da sensibilidade política.
“Devemos denunciar a violência e não abaixar a cabeça diante de tanta truculência. A falta de limites do capital está criminalizando e perseguindo nossas lutas e causando o sofrimento e a morte de milhares de crianças em todo mundo, em especial na Síria”, afirma Mota.
Já Evanilda Gil, mãe e assentada, acredita que as crianças já são protagonistas da sua própria história, ocupando os espaços organizativos do MST e pautando a construção de uma sociedade diferente. “Criar espaços de luta e manifestar nossa solidariedade só fortalece a classe trabalhadora. Esse é um exercício que deve continuar desde os primeiros anos da vida, para que não possamos nos calar diante da truculência e criminalização de nossas lutas”, enfatiza.