Presidente da Colômbia: é urgente prosseguir com o acordo de paz

O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, afirmou nesta terça-feira (22) que “é urgente passar a fase seguinte do novo acordo de paz” com as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), em meio a entraves colocados por opositores ao novo pacto e aos recentes atentados contra lideranças sociais no país.

Juan Manuel Santos - AFP/EITAN ABRAMOVICH

A declaração se deu após reunião com a Comissão de Alto Nível de Direitos Humanos, convocada após um fim de semana em que foram registrados quatro ataques contra lideranças camponesas em diferentes cidades da Colômbia em 48 horas, que acabaram com três pessoas mortas e duas feridas.

“Estes acontecimentos são uma evidência palpável dos riscos da incerteza frente a implementação dos acordos de paz. É urgente passar à fase de agrupamento dos membros das Farc nas zonas de transição para dar garantias ao cessar-fogo e aos cidadãos dessas zonas”, declarou o presidente colombiano.

Santos anunciou que a Procuradora Geral da Colômbia irá agilizar as investigações para esclarecer os assassinatos e a Unidade de Proteção de Pessoas realizará análises dos riscos a que estão submetidas organizações sociais pelo país e priorizará os dispositivos de proteção a estas lideranças.

O presidente também se reunirá com governadores de departamentos (equivalente aos Estados no Brasil) mais afetados pela onda de violência contra líderes comunitários e defensores de direitos humanos, aparentemente perpetrada por grupos paramilitares e relacionada com o cessar-fogo bilateral entre o governo e as Farc, iniciado em 29 de agosto.

Representantes de grupos opositores ao acordo de paz, liderados pelo senador e ex-presidente colombiano Álvaro Uribe, se reuniram na segunda-feira (21) com membros do governo para discutir o novo pacto, anunciado em 12 de novembro.

A reunião, que durou seis horas, terminou sem acordo: a oposição segue afirmando que o novo texto ainda precisa de modificações e deve passar por outro plebiscito, enquanto o governo sustenta que 80% das solicitações da oposição foram atendidas e que o novo pacto deve ser referendado pelo Congresso colombiano.

Após o encontro, representantes do “Não”, voto vencedor no plebiscito do dia 2 de outubro, se disseram dispostos a se reunir com membros do Secretariado das Farc, que chegaram a Bogotá na noite de segunda-feira para tratar dos últimos detalhes antes da assinatura do acordo.

As Farc, porém, rejeitaram o convite, afirmando que a intenção dos opositores é atrasar a implementação do acordo de paz. Ricardo Téllez, porta-voz da guerrilha, classificou a ideia de uma reunião como “demora desnecessária que cria problemas, e não soluções”.

Já Pablo Catatumbo, membro do Secretariado das Farc, afirmou que Uribe, ex-presidente e líder da oposição, “nunca quis a paz”. “Uribe malgovernou, corrompeu e sangrou a Colômbia durante oito anos e nunca quis a paz, somente a derrota das Farc”, escreveu em seu Twitter. “Atrasar não”, completou.