Os pobres vão pagar sempre o preço mais caro

Escrevi aqui há algum tempo que em momentos de crise, seja de que espécie for, os pobres são sempre os mais penalizados.

Por Mônica Francisco*, no Jornal do Brasil

Redução no número de filhos por família é maior entre os 20% mais pobres do país - Reprodução

Não importa a gravidade ou a indecência dos crimes cometidos por quem integra o grupo dominante em cada sociedade, as camadas mais vulnerabilizadas vão pagar o preço mais caro.

Nas tramas entre os poderes (econômico, político e bélicos) são estas pessoas que vão sofrer os resultados nefastos.

Algo precisa mudar radicalmente na relação da sociedade com os espaços ocupados pelos pobres. Não há ação em sociedade que não acabe afetando a todos que a compõem.

Dez mil famílias entregues à própria sorte no caso do aluguel social. Outras milhares de pessoas roubadas do seu direito à infraestrutura adequada (saneamento, mobilidade e moradia) e alguns outros chorando por uma refeição em frente a um restaurante popular, deveriam no mínimo incomodar a alguém.

O irônico é que no âmbito federal, essa é a gestão dos lautos almoços e jantares. Não é errado, é no mínimo uma clara demonstração do distanciamento da realidade, que insensibiliza.

A opressão desta parcela da população, legitimada pelo racismo institucional que praticamente mata mais de 50 mil jovens negros anualmente, precisa ser encarado de frente por todos e todas nós.

O avanço de discursos cada vez mais preconceituosos, tornados palatáveis pela disseminação massiva do medo do outro, do diferente, construindo um imaginário onde uns são mais humanos ou tem direito à humanidade do que outros, pode nos custar muito caro.