Temer tenta negar crise política com entrevista atípica no domingo

O presidente ilegítimo Michel Temer convocou uma entrevista coletiva atípica neste domingo (27), para tentar abafar a crise política. Na abertura da entrevista, Temer reconhece que a coletiva foi resultado das manifestações de rua, sem citar que elas cresceram a partir das denúncias de crimes de tráfico de influência dos seus ministros e do dele próprio.

Michel-Temer-coletiva-imprensa - Lula Marques/ Agência PT

A fala começou ao meio-dia, reunindo os presidentes do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para passar a ideia de que a união deles permite a governabilidade em meio a manifestações crescentes de rua e de parlamentares da oposição por um pedido de impeachment contra Temer.

Em um pequeno discurso, em que ignorou todas as acusações que pesam sobre seu governo, ele ressaltou as matérias  enviadas pelo Poder Executivo ao Congresso e que estão sendo aprovadas pela base aliada.

O presidente da Câmara, que falou em seguida, tentou explicar o ambiente no Legislativo, ignorando as medidas antipopulares e antidemocráticas, se concentrando no projeto de 10 medidas de combate à corrupção. E negou que os deputados vão aprovar a anistia do caixa 2, que está em votação na Câmara, prevista para a próxima terça-feira (29), também alvo de críticas da população brasileira.

O presidente do Senado, também em fala sucinta, disse que a Casa tem uma pauta de votações fechada até o final do ano, que inclui o ajuste fiscal ou a Proposta de Emenda à Constituição 241/55, que congela os gastos públicos por 20 anos, e a lei orçamentária.

Na primeira pergunta, o jornalista indagou o presidente Michel Temer, sobre a crise política e ele, ignorando o teor da pergunta, usou o espaço dado pela mídia para fazer propaganda de seu governo, citando programas do governo da presidenta eleita Dilma Rousseff como o Minha Casa, Minha Vida.

Na abertura da entrevista, Temer disse que a convocação da entrevista era para "atender a voz das ruas", reconhecendo que "o poder não é nosso, que é do povo e quando o povo se manifesta, essa audiência tem que ser reconhecida pelos poderes." Ao memso tempo, ele se indagou porque essa admissão parece só ocorrer agora em meio à crise em que ele e seus ministros foram flagrados em crime de tráfico de influência.