Choro de trabalhador demitido emociona sindicalistas em Caxias do Sul

Imagine a situação: faltam 22 dias para o Natal. Voce é demitido e não recebe nenhum centavo. Não pagaram a sua rescisão, não depositaram seu fundo de garantia e você não consegue o seguro desemprego, porque a sua rescisão não foi finalizada. Você chega em casa e seus filhos perguntam o que vão ganhar de presente no Natal. E você se entristece, porque não sabe sequer como vai conseguir colocar comida na mesa para eles nos próximos dias.

Assis Melo Caxias do Sul - Foto: METALÚRGICOS CAXIAS

Essa é a situacao pela qual estão passando os 180 trabalhadores da Guerra e os 16 demitidos no dia 25 de novembro pela empresa Silpa, ambas em Caxias do Sul (RS). Assim como os trabalhadores da Guerra, esses também não receberam suas verbas rescisórias. O direito de receber o acerto em 10 dias após a demissão não está sendo respeitado por essas empresas do município, assim como não foi respeitado pela Voges em dezembro de 2015.

A assembleia realizada na manhã desta sexta-feira (2), em frente à empresa Silpa, foi interrompida pelo choro compulsivo de um pai de família que foi demitido e está passando por essa situação: não tem comida para colocar na mesa e alimentar os filhos. Outros trabalhadores, um com 28 e outro com 23 anos de trabalho na Silpa, também expuseram, emocionados, sua situação. Um deles, Aldori Pedro da Silva, com 23 anos de empresa, disse que não esperava passar por isso depois de todos esses anos. "Não recebi nada, nem o 13º. Nos chutaram e disseram: procurem os direitos de vocês. Isso não é justo", lamentou.

Diante da situação, os trabalhadores optaram por permanecer paralisados em solidariedade aos colegas demitidos. A posição do Sindicato neste caso é a mesma que em relação à Guerra. "Ou a empresa paga as verbas rescisórias, ou readmite os trabalhadores. Caso contrário, ficaremos aqui em frente à Silpa até que seja resolvida a situação", disse o vice-presidente do Sindicato, Claudecir Monsani.

Metalúrgicos Caxias do Sul: Segue indefinição na "Guerra"

Na manhã desta sexta-feira (2), nova assembleia foi realizada em frente à Guerra. A empresa que demitiu 180 trabalhadores sem pagar as verbas rescisórias permanece irredutível. Na tarde de quarta-feira (1), foi realizada uma audiência, onde representantes da Guerra insistem no parcelamento, mesmo com o Sindicato repetindo que não vai aceitar.

O presidente do Sindicato, Assis Melo, disse que ao contrário da empresa, que não apresenta nenhuma perspectiva de resolução, fez ele mesmo uma proposta para tentar solucionar o impasse. “Nossa proposta é que eles paguem a parcela do 13º dos demitidos, assim como o mês de salário de novembro até o quinto dia útil, cancelem o aviso prévio que já venceu. Aí eles tiram a multa de um salário pelo vencimento do aviso. Suspendem as demissões e refaçam o número de demissões de acordo com o que a empresa pode pagar. Porque se não tem dinheiro pra pagar, não pode demitir”, explica.

Segundo o presidente, a empresa ficou de dar uma resposta à proposta ainda no final da tarde desta sexta-feira. “Pedimos a compreensão dos trabalhadores a não aceitarem fazer hora extra pelo menos neste final de semana, enquanto estamos na luta. A empresa tem responsabilidades das quais não pode fugir. Enquanto as verbas rescisórias não forem pagas, vocês ainda são trabalhadores da empresa e seguiremos lutando”, destaca.

Assis convoca todos para uma rede de solidariedade para ajudar os trabalhadores desempregados não só da Guerra, mas de toda a categoria metalúrgica. “Faço um apelo à sensibilidade para que, a partir de semana que vem, comecemos a recolher cestas básicas para ajudar os trabalhadores metalúrgicos desempregados. Apelo à sensibilidade principalmente da direção da empresa Guerra para que esse assunto seja resolvido o mais rápido possível. Qual é a dificuldade em aceitar a nossa proposta? Estamos aqui lutando pelos direitos dos trabalhadores. Não queremos nada além disso”, reitera.

Depois da assembleia, os trabalhadores saíram em caminhada até o portão administrativo da empresa, onde permanecem reivindicando por seus direitos.