Pedro Maciel: Temer é líder dos vassalos da Odebrecht na Câmara

Marcelo Mello Filho, homem de confiança de Marcelo Odebrecht e ex-diretor da empresa, agora reduzido à categoria de delator, contou que o PMDB é dividido em dois grandes grupos paralelos, com atuação autônoma na arrecadação de propina.

Por Pedro Benedito Maciel Neto*

Um grupo atuante no Senado Federal e outro atuante na Câmara dos Deputados, ambos dados à vassalagem dos interesses privados e lobistas atuantes na defesa dos interesses da Odebrecht S.A.
No Senado o principal vassalo seria Romero Jucá e na Câmara dos Deputados o núcleo político organizado é, segundo o delator, historicamente liderado pelo vassalo Michel Temer, ele mesmo o conspirador-golpista que ocupa da presidência da república.

E, à semelhança do que ocorre no Senado Federal, na câmara há interlocutores preferenciais com a Odebrecht “honrosa” tarefa que seria capitaneada por três nomes: Michel Temer, Eliseu Padilha e Moreira Franco. Espetacular, não?

O “propineiro” mais destacado do PMDB na Câmara dos Deputados, diligente no atendimento dos agentes privados e centralizador das arrecadações financeiras, para posteriores repasses internos, seria Eliseu Padilha, que atuaria “como verdadeiro preposto de Michel Temer e deixa claro que muitas vezes fala em seu nome”.

Já Michel Temer atuaria de forma muito mais indireta, não sendo seu papel pedir contribuições financeiras, embora isso tenha ocorrido no ano de 2014.

Moreira Franco também arrecadava, em menor escala, segundo o delator.

E são membros de uma família muito unida, pois tanto Moreira Franco como Eliseu Padilha, valem-se da relação de representação ou preposição que possuem de Michel Temer, o que confere peso aos pedidos formulados por eles, pois se sabe que o pleito solicitado em contrapartida será atendido também por Michel Temer.

Outro influente membro do grupo do PMDB seria o “propineiro” Geddel Vieira Lima, muito hábil na interação com agentes privados e para atender seus pleitos em troca de pagamentos. Tudo muito “limpo”.

Interessante o delator registrar que apenas recentemente Eduardo Cunha ganhou espaço dentro desse núcleo do PMDB e cita também, mesmo que em traços rápidos, Henrique Eduardo Alves.
Esse é o PMDB na Câmara dos Deputados.

Mas será esse todo o PMDB? Não sei, o que sei é o que li.

E li que ao longo dos anos que atuou como diretor de relações institucionais Marcelo Mello Filho manteve contatos frequentes com os seguintes agentes políticos: João Almeida (PSDB), Renan Calheiros (PMDB), Moreira Franco (PMDB), Bruno Araújo (PSDB), Heráclito Fortes (Arenista asilado no PSB) , Arthur Maia (Solidariedade – SD), Geddel Vieira Lima (PMDB), José Carlos Aleluia (DEM), Ciro Nogueira (PP), Romero Jucá (PMDB), Antonio Imbassahy (PSDB), Lúcio Vieira Lima (PMDB), Gim Argello (PTB), Leur Lomanto (PMDB), Jutahy Magalhães (PSDB), Michel Temer (PSDB), Inaldo Leitão (PL), Walter Pinheiro (PT, agora sem partido), João Carlos Bacelar (PR), Duarte Nogueira (PSDB), Eliseu Padilha (PMDB), Aldo Rebelo (PCdoB), Rogério Rosso (PSD), Antonio Brito (PPS), Benito Gama (PTB), Rodrigo Maia (DEM), Paes Landim (PTB), José Agripino (DEM), Jacques Wagner (PT), Paulo Abi-akel (PSDB), e Claudio Cajado (DEM).

Manteve ainda, de forma episódica algum contato com: Luiz Carlos Hauly (PSD), Cristóvam Buarque (PPS), Fábio Ramalho (PMDB), Marco Maia (PT), Ricardo Ferraço (PSDB), Eunício Oliveira (PMDB), Arlindo Chinaglia (PT), Mendonça Filho (DEM), Arnaldo Jardim (PPS), Daniel Almeida (PCdoB), Paulo Pimenta (PT), Julio Delgado (PSB), Lidice da Mata (PSB), Eduardo Cunha (PMDB), Paulo Magalhaes (PSD), Nelson Pelegrino (PT), Agnaldo Ribeiro (PP), Delcídio do Amaral (PT), Fernando Collor (PTC), Rui Costa (PT), Carlinhos Almeida (PT) e Eduardo Braga (PMDB).

Ou seja, a corrupção nunca foi prática exclusiva do PT, do PMDB ou do PSDB, para citar apenas os grandes partidos nacionais, ela é sistêmica e estrutural e todos os partidos estão envolvidos, por isso, como bem lançado por Paulo Moreira Leite: “Numa conjuntura como esta, mais do que nunca se confirma a constatação essencial de que não há salvação fora da democracia. Eleição é o caminho a ser perseguido, por todos os meios, pela capacidade de cada um. As outras possibilidades são: ou trouxa, ou canalha. Chegou a hora de cada um escolher seu papel. ”