Haddad pede desculpas, em nome da prefeitura, às vítimas da ditadura

Logo após receber relatório da Comissão da Memória e Verdade da Secretaria Municipal da Prefeitura de São Paulo, que relata histórico consolidado das violações aos direitos humanos praticadas no âmbito da administração municipal entre 1964 e 1988, o Prefeito Fernando Haddad pediu desculpas públicas em nome da prefeitura de São Paulo às vítimas da ditadura.

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O pedido foi publicado no Diário Oficial do Município desta sexta-feira (16/12) e se refere a atos cometidos por agentes da prefeitura durante a ditadura que violaram direitos humanos.

O pedido, de acordo com o comunicado, se refere “aos que foram perseguidos, presos, torturados, assassinados por ação direta ou indireta da municipalidade e aos tiveram seus corpos ocultados em valas clandestinas em cemitérios públicos municipais”.

Haddad se refere ainda aos parentes das vítimas, “cuja luta incansável permitiu que pudéssemos avançar localmente na garantia do direito à memória, à verdade e à justiça” e também aos servidores “que sofreram coação, constrangimento, demissão ou exoneração por razões políticas”.

Ao concluir a nota, o prefeito lembra que este ato jamais poderá reparar os danos imateriais imensuráveis causados, mas que representa, ainda assim, um gesto simbólico no sentido de reconhecer as responsabilidades do Estado brasileiro.



Leia a nota na íntegra abaixo:

GABINETE DO PREFEITO FERNANDO HADDAD PEDIDO OFICIAL DE DESCULPAS EM NOME DA PREFEITURA DE SÃO PAULO

Diante das revelações ora trazidas pela Comissão da Memória e Verdade e na condição de representante máximo do poder Executivo Municipal, estendo, em nome da Prefeitura de São Paulo, o pedido oficial de desculpas às vítimas de violações aos direitos humanos cometidas por seus agentes durante a ditadura militar ou para as quais tenha contribuído.

Este pedido de desculpas destina-se a todos aqueles e aquelas que deram suas vidas para o restabelecimento da democracia no Brasil. Aos que foram perseguidos, presos, torturados, assassinados por ação direta ou indireta da municipalidade e aos tiveram seus corpos ocultados em valas clandestinas em cemitérios públicos municipais. Dirige-se também a seus familiares, cuja luta incansável permitiu que pudéssemos avançar localmente na garantia do direito à memória, à verdade e à justiça.

Destina-se, ainda, a todos os servidores e servidoras que sofreram coação, constrangimento, demissão ou exoneração por razões políticas, bem como àqueles que tiveram suprimido seu direito à livre manifestação em decorrência de decisões municipais, muitas das quais emitidas por dirigentes não eleitos pelo povo paulistano.

Embora este ato jamais possa reparar os danos imateriais imensuráveis causados, representa ainda assim um gesto simbólico no sentido de reconhecer as responsabilidades do Estado brasileiro, em todas as esferas, na repressão a seus opositores e de caminhar rumo à uma cidade mais justa e democrática. Não esqueceremos! São Paulo-SP, 15 de dezembro de 2016.