Seminário propõe protagonismo da mulher nas instâncias de poder 

Nos últimos dois dias – quarta e quinta-feira (14 e 15), aproximadamente 400 mulheres que participaram do seminário Mulheres no Poder: Diálogos sobre Empoderamento Político, Econômico e Social e Enfrentamento à Violência, realizado no Senado, trocaram informações sobre experiências desenvolvidas em diversos países no combate ao feminicídio. A necessidade de ampliação da representação feminisna nas instâncias de poder também foi tema de debate.

Seminário propõe protagonismo da mulher nas instâncias de poder - Agência Senado

O encontro reuniu legisladores, representantes dos setores público e privado, entidades ligadas às lutas das mulheres e organismos internacionais para debater o combate à violência contra a mulher e uma agenda para o Congresso. O encontro foi organizado pela Procuradoria Especial da Mulher do Senado, em parceria com o Observatório da Mulher contra a Violência do Senado, o Banco Mundial e a ONU Mulheres.

De acordo com a procuradora da Mulher no Senado, Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), o objetivo do encontro é produzir um documento que será a diretriz para atuação social e parlamentar para as mulheres, a partir do debate de um tema sensível e estratégico para a estruturação de uma sociedade mais igual e mais igualitária.

“Queremos encerrar 2016 com sugestões ao Parlamento brasileiro de compromisso pela manutenção e aumento dos direitos das mulheres em 2017”, explica a senadora.

Sub-representação

A realidade brasileira, quanto à presença feminina das mulheres no Poder Legislativo também foi tema de debate. No Brasil, elas ocupam menos de 10% das cadeiras no Parlamento – percentual bem distante da média mundial em paridade de gênero.

A ONU Mulheres defende mecanismos que favoreçam câmaras legislativas com presença igual de homens e mulheres, realidade já presente em 15 países do mundo, cinco deles na América Latina. Num ranking de representação feminina, o Brasil ocupa a 155ª posição, atrás de países que restringem direitos das mulheres como Sudão (45º), Iraque (26,5%), Arábia Saudita (19,9%), Somália (13,8%) e Jordânia (12%).

A deputada Jô Moraes (PCdoB-MG), ex-coordenadora da Bancada Feminina na Câmara, reforçou que o Brasil precisa enfrentar o debate sobre a sub-representação feminina nos cargos de poder. “O estrangulamento é estrutural. Quem manda no voto no país é o dinheiro. Por isso, as regras que temos hoje não são suficientes. O que hoje queremos é uma cota de vagas”, defendeu.

Em novembro, a Comissão Especial que analisava a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que prevê reserva de vagas para cada sexo no Legislativo, aprovou a medida, mas o tema ainda precisa ser aprovado pela Câmara e pelo Senado para virar lei.