Para Temer, massacre em presídio de Manaus foi "acidente"

Depois de dias em silêncio e somente após passar a ser criticado pela omissão, o presidente Michel Temer decidiu ir a público classificar o massacre em um presídio de Manaus, que resultou em 56 mortos no último domingo (1º), de "acidente pavoroso". Nesta quinta (5), ele fez uma fala diante da imprensa tentando retirar a culpa do poder público acerca do caos no sistema penitenciário.

michel temer - Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

"Eu quero me solidarizar com as famílias que tiveram seus presos vitimados naquele acidente pavoroso que ocorreu no presídio de Manaus. Nossa solidariedade é governamental e tenho certeza que é apadrinhada por todos aqueles nesta reunião", disse.

"Em Manaus, o presídio era terceirizado e privatizado e, portanto, não houve uma responsabilidade objetiva, clara e definida dos agentes estatais", afirmou. "Mas não basta ficarmos apenas em diagnósticos do que aconteceu ou não aconteceu. É preciso agir e executar", acrescentou.

Temer, por outro lado, reconheceu que cabe à União gerir a segurança interna dos presídios em parceria com os estados. "Se a segurança pública é fundamentalmente de nível estadual, a preocupação gerada nos últimos tempos faz com que todos nós tenhamos ciência e consciência de que se trata de um problema nacional", comentou.

Nas redes sociais, o termo "acidente pavoroso" para classificar um massacre fruto de uma guerra entre facções foi motivo de muitas críticas. Os principais portais editaram o título das manchetes para esconder a palavra "acidente".

Temer também aproveitou o episódio para admitir que o sistema carcerário não respeita o "preceito constitucional que determina que os presos devem cumprir pena em estabelecimentos diferentes de acordo com a natureza do delito, idade e sexo".

O Plano Nacional de Segurança que ele pretende lançar determinará, de acordo com relatos da Folha, "que unidades prisionais que sejam construídas a partir de agora tenham prédios diferentes para abrigar presos que cometeram crimes de alta e de baixa ofensividade."

Além disso, serão liberados R$ 150 milhões para a instalação de bloqueadores de celulares em 30% das unidades prisionais de cada Estado, e informou cinco presídios federais serão construidos para abrigar lideranças de facções criminosas.