Jornalista afirma que índios devem morrer de malária e tétano

O preconceito e conservadorismo atingem níveis alarmantes no país. No último episódio de intolerância, a jornalista Fabélia Oliveira, apresentadora do do programa “Sucesso no Campo”, da TV Record de Goiás, resolveu destilar ofensas aos cariocas, sambistas, defensores do meio ambiente e até aos indígenas. Segundo ela, índios devem seguir à risca sua cultura, não podendo usar das tecnologias ou remédios, devendo, portando, morrer de malária, tétano ou no momento do parto.

Jornalista afirma que índios devem morrer de malária e tétano - Reprodução

O que causou a ira da jornalista foi o samba-enredo da Escola de Samba Imperatriz Leopoldinense de 2017, Xingu, "O Clamor Que Vem da Floresta" . A letra faz duras críticas ao desmatamento em prol do lucro: "O belo monstro rouba as terras dos seus filhos, devora as matas e seca os rios, tanta riqueza que a cobiça destruiu". 

"Índio não pode tomar remédio"

Fabélia afirma que os cariocas urbanos não possuem conhecimento para falar sobre a cultura do homem do campo, disse ainda defender os índios "originais", que mantém o isolamento, condenando as tribos que fazem uso da tecnologia incluindo remédios: 

"Deixar a mata reservada para comer de geladeira não é cultura indígena, não. Eu sinto muito. Se ele quer preservar a cultura ele não pode ter acesso à tecnologia que nós temos. Ele não pode comer de geladeira, tomar banho de chuveiro e tomar remédios químicos. Porque há um controle populacional natural. Ele vai ter que morrer de malária, de tétano, do parto. É… a natureza. Vai tratar da medicina do pajé, do cacique, que eles tinham", condena a apresentadora. 


Confira a íntegra da letra: 

"Brilhou a coroa na luz do luar!
Nos troncos a eternidade a reza e a magia do pajé!
Na aldeia com flautas e maracás
Kuarup é festa, louvor em rituais
Na floresta, harmonia, a vida a brotar
Sinfonia de cores e cantos no ar
O paraíso fez aqui o seu lugar
Jardim sagrado, o caraíba descobriu
Sangra o coração do meu Brasil
O belo monstro rouba as terras dos seus filhos
Devora as matas e seca os rios
Tanta riqueza que a cobiça destruiu!

Sou o filho esquecido do mundo
Minha cor é vermelha de dor
O meu canto é bravo e forte
Mas é hino de paz e amor!

Sou guerreiro imortal derradeiro
Deste chão o senhor verdadeiro
Semente eu sou a primeira
Da pura alma brasileira!

Jamais se curvar, lutar e aprender
Escuta menino, Raoni ensinou
Liberdade é o nosso destino
Memória sagrada, razão de viver
Andar onde ninguém andou
Chegar aonde ninguém chegou
Lembrar a coragem e o amor dos irmãos
E outros heróis guardiões
Aventuras de fé e paixão
O sonho de integrar uma nação

Kararaô, Kararaô, o índio luta por sua terra
Da Imperatriz vem o seu grito de guerra!

Salve o verde do Xingu, a esperança
A semente do amanhã, herança
O clamor da natureza a nossa voz vai ecoar
Preservar!"

Assista abaixo o trecho que a jornalista afirma que índios devem morrer de malária, tétano ou no parto: