Oposição síria e governo de Assad negociam paz no Cazaquistão

Os opositores e o governo do presidente da Síria, Bashar al Assad, começaram nesta segunda-feira (23) as conversas de paz em Astana, capital do Cazaquistão, com mediação de Rússia, aliada do governo sírio, e Turquia, que apoia a oposição. As tratativas durarão dois dias, serão a portas fechadas e “indiretas” segundo Osama Abu Zeid, porta-voz do ELS (Exército Livre Sírio), que lidera a oposição armada nas conversações no Cazaquistão.

Coluna de carros do Exército da Síria nas proximidades de Damasco

“Tenho certeza que a reunião em Astana criará as condições necessárias para que todas as partes interessadas encontrem uma solução para a crise síria dentro do processo de Genebra sob a égide da ONU, e fará uma contribuição digna para o estabelecimento da paz e da estabilidade na Síria”, afirmou na sessão inaugural o ministro das Relações Exteriores do Cazaquistão, Kairat Abdrajmanov.

Abdrajmanov, que leu uma mensagem do presidente cazaque, Nursultan Nazarbayev, ressaltou que a crise síria só pode ser solucionada através de negociações.

Além das duas delegações e de representantes de Rússia e Turquia, as conversas contam com participação do enviado especial da ONU para a Síria, Staffan de Mistura, e do vice-ministro das Relações Exteriores do Irã para Assuntos Árabes, Hossein Ansari, que lidera a delegação de seu país.

O governo do novo presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou neste sábado (21) que não enviará nenhuma delegação formal às conversações de Astana e que o embaixador de Washington no Cazaquistão representará os EUA na conferência.

O cessar-fogo será o principal assunto a ser debatido na conferência, além de ajudas humanitárias e liberação de presos, mas assuntos políticos mais amplos serão evitados durante a reunião em Astana, segundo Zakaria Malahifji, um dos líderes do Fastaqim, um dos grupos opositores.

As negociações fazem parte do pacote de iniciativas da Rússia, que apoia o governo sírio, e da Turquia, a favor da oposição, celebradas na resolução 2336 do Conselho de Segurança da ONU sobre a nova trégua na Síria, em conflito há seis anos. A medida também estabeleceu um cessar-fogo ao conflito, em vigor desde o dia 30 de dezembro, mas não inclui o Estado Islâmico e a Frente al Nusra, por serem consideradas organizações terroristas.