Resistência árabe

A intenção de demolir um povoado beduíno no Negev para construir mais um colonato desnuda a discriminação dos árabes-palestinianos, denuncia o Partido Comunista de Israel, que apela à resistência.

Muro da vergonha Israel

Em comunicado conjunto com a Frente Democrática para a Paz e a Igualdade (Hadash), o PCI considera que os planos para varrer do mapa a vila árabe de Umm Al-Hiran, na região desértica do Negev (al-Naqab, na transliteração do árabe), para, no seu lugar, erguer uma cidade destinada a judeus, evidencia o objetivo de perpetuar a discriminação dos cidadãos árabes-palestinianos. 

No dia 18 de Janeiro, o governo de Israel iniciou as demolições, tendo enfrentado a resistência da população. Um habitante foi assassinado pelas forças militares e dezenas de outros resultaram feridos, entre os quais um deputado árabe eleito no parlamento israelita.

Oito casas em Umm al-Hiran acabaram por ser arrasadas. Os restantes edifícios que albergam mais de 1200 pessoas permanecem sob ameaça, pelo que o PCI e a Hadash apelam à continuação da resistência e a que as forças democráticas "enviem uma clara mensagem a [Benjamin] Netanyahu e à sua quadrilha governamental, de que os seus planos [para al-Naqab] não vão passar". Alertam, igualmente, que as políticas agressivas de Israel contra os árabes-palestinos irão, se nada for feito, abater-se sobre todos os cidadãos.

Umm Al-Hiran é uma das 38 vilas e aldeias beduínas de al-Naqab que Israel não reconhece. No total, albergam cerca de 50 mil pessoas. O propósito é e sempre foi erradicá-las, tanto mais que todas carecem de serviços básicos, como ligação à rede de água potável.

O PCI e a Hadash sublinham ainda a importância dos esforços visando o fim da ocupação da Palestina por Israel e pelo reconhecimento de um Estado palestino com capital em Jerusalém Leste, e advertem para, nesse contexto, não se esquecer os crimes que estão a ser cometidos contra aqueles que oficialmente são cidadãos israelitas.

Israel adoptou, nas últimas semanas, medidas que aprofundam a política de colonização e expulsão nos territórios palestinianos. Dia 22 de Janeiro foi aprovado pelo governo sionista a construção de 556 vivendas para colonos em Jerusalém Leste. Posteriormente foram autorizadas mais cerca de 150, e, na ocasião, o vice-presidente da Câmara de Jerusalém falou em planos para erguer 11 mil novas casas para colonos na cidade.