Moro é alvo de protestos nos EUA

A Columbia University recebeu o juiz da Lava Jato, Sérgio Moro, nesta segunda-feira (06), ao som de protestos e uma recepção não esperada pelo magistrado da primeira instância.

Sérgio Moro

Convidado pelo empresário Jorge Paulo Lemann, proprietário da Ambev e um dos homens mais ricos do mundo, Moro foi palestrar na New School for Social Research, da Universidade de Columbia, e falou sobre a sua trajetória na Operação Lava Jato. Mas do lado de fora do salão, protestos atrasaram cerca de 12 minutos o começo das palavras de Moro aos estudantes norte-americanos.

No seminário, ele defendeu que as investigações contra a corrupção, ao contrário das críticas, vem "fortalecendo as instituições" e irão reforçar a sociedade contra a corrupção e ao comportamento de figuras públicas que descumprem a lei. Confira os vídeos abaixo:

Na linha de criticar o amplo direito de defesa de réus no Brasil, disse que quem vive nos Estados Unidos não tem ideia do número de processos em andamento: "é além da imaginação", e justificou que parte desses casos se deve à "manobras obstrutivas", promovendo uma "história sem fim".

Por esse cenário, completou Moro, é que o juiz trata de dar celeridade nas investigações da Lava Jato, com o objetivo de evitar as obstruções, que, em sua visão, é o que costuma ocorrer quando entre os investigados estão nomes de políticos e empresários importantes.

Fazendo referência ao clima do Brasil, disse que a corrupção às vezes parece "uma doença tropical", mas destacou o seu próprio papel no objetivo de combater os desvios de políticos e empresários, mostrando que o país é capaz de superar esses entraves.

Respondeu às críticas de que a Lava Jato tem prejudicado a economia brasileira por envolver grandes empresas. Defendeu que os investimentos de grupos econômicos devem ser planejados contra corrupção, e os recursos, assim, possam ser dirigidos "para combater a miséria".

"A New School sempre foi uma escola de esquerda e não entendo porque está organizando um evento tão parcial. Tentamos colocar ao menos um nome para o debate, mas não permitiram. Porém, já conseguimos verba com professores e agora vamos fazer um evento plural", afirmou uma estudante de PhD em economia da New School, Luiza Nassif Pires, em reportagem ao O Globo.

"Estou muito chateada com tudo isso, este evento não tem um debate universitário, representa apenas um lado", afirmou a professora de Filosofia da Universidade, Nancy Fraser.

Contra as críticas de sua parcialidade, Moro disse que "isso não é certo".