Agricultor francês é multado por ajudar migrantes e refugiados

O agricultor francês Cédric Herrou foi condenado nesta sexta-feira (10) por um tribunal de Nice, no sul da França, a pagar uma multa de três mil euros (cerca de R$ 10 mil reais) por ajudar imigrantes e refugiados africanos a entrar no país desde a Itália e lhes dar abrigo.

Cédric Herrou - Efe

 
Herrou, que se tornou um herói local por auxiliar os imigrantes e refugiados, cultiva oliveiras em sua fazenda perto da fronteira da França com a Itália, nos arredores de uma rota muito usada pelos estrangeiros tentando entrar no país sem passar pelos controles alfandegários.

Seu julgamento incentivou o debate acerca das leis francesas sobre imigração, especialmente as que penalizam o auxílio a “entradas ilegais” no país. Herrou, 37 anos, jamais se arrependeu de seus atos e criticou o Estado francês por não ajudar os estrangeiros que chegam ao país e não agir para conter a crise humanitária dos refugiados e imigrantes que atravessam o mar Mediterrâneo para chegar à Europa.

“Se temos que ir contra a lei para ajudar as pessoas, vamos fazer isso”, disse o agricultor a apoiadores que acompanhavam seu julgamento diante do tribunal. “Nosso papel é ajudar as pessoas a superar perigos, e o perigo é esta fronteira”, afirmou, insistindo que estava agindo por motivação humanitária. Ele já declarou que continuará ajudando estrangeiros que necessitem de auxílio.

Em outubro, Herrou e um grupo de ativistas ocuparam uma casa pertencente à estatal francesa de ferrovias, a SNCF, e a abriram a cerca de 50 imigrantes e refugiados. Três dias após a abertura da casa, a polícia interviu, evacuou os ocupantes e prendeu o agricultor. 

Ele foi condenado por ajudar estrangeiros a atravessar a fronteira, mas foi inocentado das acusações de auxiliar os imigrantes e refugiados. A promotoria havia pedido que ele fosse condenado a oito meses de prisão. A multa que lhe foi imputada deve ser suspensa pela
Justiça da França.

De acordo com a imprensa francesa, Herrou continua abrigando jovens do Sudão e da Eritreia em sua fazenda, e segundo a agência de notícias francesa AFP, há vários casos similares ao do agricultor nas cortes do sul da França.