Centrais reafirmam unidade contra o desmonte da Previdência

O auditório do Sindicato dos Químicos de São Paulo ficou lotado na manhã desta quinta-feira (23), quando sindicalistas e acadêmicos se reuníram para inaugurar a 13ª Jornada Nacional de Debates do DIEESE. A mesa de abertura, com representantes de nove centrais sindicais, serviu de palco para a reafirmação da unidade sindical contra a Reforma da Previdência do governo Temer (PEC 287).

jornada de debates previdencia sindicato dos quimicos fevereiro 2017 - CTB

“Essa Jornada é uma oportunidade para os sindicalistas no estados, porque vai passar por todas as unidades da federação. É preciso que todos os trabalhadores se instrumentalizem para discutir a questão da reforma, que eu chamaria ‘desforma’, porque vão acabar com a aposentadoria”, conclamou Eduardo Navarro, membro da Direção Executiva da CTB e um dos organizadores do ciclo de debates. “Esse projeto de desmonte é muito profundo, e vai transformar o país novamente numa colônia se não houver união na resistência”.

Para Navarro, o momento exige articulação entre entidades e conscientização das bases, a começar pelos próprios sindicalistas. “Está em perigo toda a seguridade social, inclusive o SUS. É o neoliberalismo 2.0, com o desmonte da educação pública, com o desmonte da saúde pública. Não adianta só falar ‘Fora Temer’, porque cai o Temer e entra outro. As centrais têm de se posicionar contra o projeto neoliberal em curso e construir formas de resistência como essa jornada. O DIEESE já fez sua parte, agora cabe às 9 centrais e aos 11 mil sindicatos fazerem o mesmo”, analisou.

Além do dirigente cetebista, falaram ao público representantes da CUT, da Força Sindical, da CGTB, da CSB, da CSP-Conlutas, da Intersindical, da Nova Central e da UGT, todos contrários à reforma da Previdência proposta na PEC 287. O presidente da Central Única dos Trabalhadores, Wagner Freitas, deu enfoque na necessidade de superar a diferença entre as centrais: “Se a gente for listar aqui o número de divergências entre cada central, tem mil coisas que eu poderia dizer, mas temos que ter consciência de que essa campanha de nenhum direito a menos só vai dar efeito se existir união”. Ele defendeu a necessidade de fazer a luta fora, mas também dentro das instituições, buscando o convencimento de parlamentares conservadores. “Eles podem ajudar nessa luta, porque têm bases eleitorais de trabalhadores também”.

Já o secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves “Juruna”, aproveitou a oportunidade para apontar uma alternativa à PEC 287. Na opinião do dirigente, o problema essencial da proposta foi a falta de diálogo com os trabalhadores. “Ao contrário de parte dos companheiros, eu sou daqueles que acha que tem que haver reforma, sim, porque as regras que estão aí não interessam à maioria dos trabalhadores. É preciso acabar com o regime especial para os militares, para os políticos, para os servidores públicos. Mas o que está colocado aí é prejudicial para todo mundo, especialmente os mais pobres, e nós não podemos concordar!”, explicou.

Todos os sindicalistas se referiram com entusiasmo ao dia 15 de março, quando as centrais planejam um Dia Nacional de Paralisações em defesa da Previdência. A Jornada Nacional acontecerá na semana anterior a ele, entre os dias 7 e 14 de março, e atravessará o país realizando debates e apresentando estudos (inclusive o mega-documento do professor Eduardo Fagnani) para o público sindical. O objetivo é expor os equívocos nos argumentos da atual proposta.