Respeita as mina, rapaz, elas querem liberdade para dançar em paz!

Segundo uma pesquisa do instituto Data Popular divulgada em 2016, 61% dos homens acham que uma mulher sozinha no carnaval “não pode reclamar de assédio sexual” e 49% tem certeza que bloco “não é lugar para mulher decente”. O Carnaval é nada menos que a maior festa popular brasileira, mas ainda assim tem homem achando que as mulheres devem ficar trancadas e recatadas, enquanto só eles se divertem. Por isso este ano a campanha “Carnaval sem assédio”, ganha as ruas do país.

Por Mariana Serafini

Campanha contra o assédio no Carnaval - Juliane Albuquerque

Para combater esta mentalidade machista, dezenas de coletivos, institutos e blocos de rua levantam a bandeira que pede o fim do assédio contra as mulheres. Além disso, para endossar a campanha, vale fazer postagens na internet com a hashtag #CarnavalSemAssedio.

A revista Azmina lançou o hit “Se você quiser”, interpretado por Bruna Caram e Chico César (assista ao vídeo no final da matéria). A canção deixa claro que combater o assédio não é, como muitos tentam dizer, “acabar com o flerte”. “Vem pra perto de mim, meu bem, se você quiser”. Trata-se, apenas, de respeitar a vontade alheia e a liberdade de escolha de cada um. É a velha história de que “quando um não quer”, não rola!

Outro aspecto levantado pela revista é a cumplicidade entre as mulheres. “Se você vir outra mulher em apuros, ajude-a!”. Com a hashtag #umaminaajudaaoutra a campanha ganha corpo na internet. Outros coletivos também levantam a mesma bandeira que além de combater o assédio promove a solidariedade entre as “manas”. É importante lembrar, aquela história de que em “briga de marido a mulher não se mete a colher” ficou para trás, se uma mulher for agredida, ou estiver em apuros, e você puder interferir, “meta a colher” sim.

Parece anacrônico, mas em 2017 ainda é preciso conscientizar sobre a diferença de “paquera e assédio”, até porque, tem homem que se faz de desentendido e ainda coloca a culpa na bebida. Não cola!

Para estes, a campanha realizada em Recife deixa bem claro com o Pequeno Manual Prático de Como Não Ser um Babaca no Carnaval a diferença entre as duas coisas. Roupa nenhuma é convite! Não importa a fantasia, o outro corpo só pode ser tocado se houver permissão, casso contrário, é assédio.

Entre as lições do “Pequeno manual” estão: “Ela tá doida? Ofereça ajuda, não se aproveite. Sexo sem consentimento é estupro. Estupro é crime”; “Ela não te quis? Aceita que dói menos, você vai sobreviver!”; “O sorriso dela te deu onda? Chega na boa e conversa, não precisa puxar pelo cabelo!”.

Azmina também lançou o Guia Prático da Diferença entre Paquera e Assédio Para Você não Ser Um Canalha no Carnaval. Leia aqui.

Durante o Carnaval há um discurso generalizado de que “se pode tudo”. Poder até pode, se todo mundo concordar. Então, para cair na folia tenha em mente: “só se ela quiser”, “uma ajuda a outra”. E se ainda assim tiver problemas, lembre-se dos versos de Elza Soares: “cadê meu celular? Eu vou ligar pro 180”, a Central de Atendimento à Mulher.

Ouça a canção Se você quiser: