Dirigente da CTB alerta para ataque de Temer aos bancos públicos
Em todo o país, foram foram fechados mais de 20.500 postos de trabalho nos bancos brasileiros somente de janeiro a dezembro de 2016. "O projeto de redução da Caixa Econômica Federal prevê o fechamento de 100 agências. Cerca de 10 mil funcionários do banco serão desligados", lamentou a secretária da Mulher Trabalhadora da Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) Ivânia Pereira em palestra realizada em Sergipe.
Publicado 07/03/2017 12:41
Ivânia, que também é presidenta do do Sindicato dos Bancários de Sergipe (Seeb-SE) revelou uma forte contradição ante à política de redução dos bancos públicos: "Apesar do desempenho dos cinco maiores bancos do país no primeiro semestre de 2016, eles fecharam 13.606 postos de trabalho", problematizou, completando que os cinco maiores bancos lucraram 29,7 bilhões somente em 2016. "Não existe crise para o sistema financeiro. Os lucros dos bancos são cada vez maiores", expôs em palestra na Assembleia Legislativa de Sergipe. A dirigente esteve lá a convite da deputada estadual Ana Lúcia.
"O que está por trás dessa política é a tentativa de enfraquecer os bancos públicos. Mas quem será atingido? Os clientes e a população em geral", lamentou Ivânia. Aumento do tempo de espera pelo atendimento bancário e, sobretudo, a redução de investimento social e a redução do atendimento à população mais vulnerável são apenas algumas das consequências nefastas geradas pelo fechamento das agências e redução de quadros.
Papel dos bancos públicos
Ivânia (foto) apontou que, em países cuja economia ainda está em desenvolvimento como o nosso, os bancos públicos têm papel de fomentar o desenvolvimento. "O Brasil se desenvolveu basicamente a partir de empresas públicas", apontou Ivânia. "Empresa estatal tem de ter compromisso social. O lucro gerado é para manter a empresa, mas ela precisa ter investimentos que gerem a equidade e a justiça social", completou a deputada estadual Ana Lúcia.
"Não fosse o incentivo à agricultura familiar desse país, a situação de pobreza no campo seriam ainda maiores. O Banco do Brasil é responsável pelo financiamento de 61% do crédito agrícola no país", exemplificou a presidente do sindicato dos bancários. "Quando um trabalhador rural entrava numa agência bancária para conseguir um crédito? Quando Lula assumiu, nós tínhamos somente dois tipos de PRONAF. Quando Lula saiu e Dilma sofreu o golpe, eles deixaram dezoito tipos de PRONAF", completou Ana Lúcia.
Privatização
Na avaliação tanto de Ivânia, quanto da deputada Ana Lúcia, a política de redução dos bancos públicos é mais um ataque à população, pois representa um passo no processo de privatização das as empresas públicas. "Estamos vivendo em um período de exceção, de consolidação de um golpe, em que a privatização dos bens e empresas públicas e o desmonte do Estado brasileiro tem sido a prioridade do Governo Temer. Neste sentido, os bancos públicos estão sofrendo as consequências dessa visão privatista, de terceirização e de redução do Estado", resumiu Ana Lúcia.
Neste sentido, Ivânia explica a estratégia do projeto de Estado mínimo: "Quando têm a intenção de privatizar uma empresa pública, os governos começam a ruir pela base, a criar as condições de vulnerabilidade dessa empresa e jogar a sociedade contra ela. Tem sido assim com os bancos, com a Petrobras e agora, aqui em Sergipe, com a DESO", ilustrou a presidente do Sindicato.
Enfrentamento
Como encaminhamento, a deputada estadual Ana Lúcia propôs a formação de uma Comissão Especial com a participação de cerca de cinco deputados para intermediar e buscar caminhos para barrar a política de redução dos bancos públicos denunciada pelo sindicato. "Essa comissão especial teria a missão de dialogar com a classe política, seja do Poder Executivo de Sergipe, seja a nível federal, através dos deputados federais e senadores", explicou Ana Lúcia.
Ana Lúcia reforçou a necessidade de articulação entre os parlamentares estaduais e federais, no sentido de sensibilizar os deputados que atuam no Congresso Nacional a votarem contrários às medidas que facilitam a privatização das empresas públicas, a exemplo da Lei 13.334/2016. "Precisamos dialogar com os deputados federais. Não dá para ser contra a privatização da DESO porque é oposição ao governo do Estado e lá [em Brasília], votar as leis que implementam essa política avassaladora, que acaba com todos os direitos trabalhistas e sociais", apontou.