Tribunal decide cancelar envio de perguntas de Cunha a Temer
O Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) decidiu pelo cancelamento do envio das perguntas feitas pelo ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) ao presidente Michel Temer. Cunha arrolou Temer na ação da qual é réu e que apura esquema de corrupção na Caixa Econômica Federal para liberar recursos do FI-FGTS a grandes grupos empresariais.
Publicado 09/03/2017 13:08
Com a decisão, só numa fase posterior do processo a defesa de Cunha poderá indicar testemunhas. Em entrevista ao Estadão, o advogado Pedro Ivo Velloso já adiantou que não está definido se Temer será novamente arrolado e se as perguntas serão mantidas.
No total, foram encaminhadas 19 perguntas a Temer. Umas delas faz insinuações sobre a relação entre Temer e Moreira a respeito de eventuais desvios do fundo. Ele perguntava se Temer foi responsável pela nomeação de Moreira Franco (hoje ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência) como vice-presidente de Fundos e Loterias da Caixa e se participou, ao lado dele, de reuniões para tratar de pedidos de financiamento com recursos do FI-FGTS.
Poder de Cunha na prisão
Temer não é o único preocupado com Eduardo Cunha. Mesmo preso, ele tem provocado tensões entre os parlamentares da cúpula do PMDB.
O deputado Carlos Marun (MS) reagiu à acusação do senador Renan Calheiros (PMDB-AL) de que ele seria porta-voz de Eduardo Cunha no Palácio do Planalto.
Renan, que nunca escondeu ser desafeto de Cunha, criticou o pedido de Marun para afastar envolvidos na Operação Lava Jato do comando do PMDB. Ele disse que Marun teria elaborado uma carta com esse pedido após visita a Cunha na prisão.
A briga começou depois que a cúpula do PMDB cancelou uma reunião para tirar o ministro Eliseu Padilha (Casa Civil) e o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), do centro da artilharia. De acordo com fontes, a decisão foi tomada justamente para impedir que a carta de Marun conseguisse a adesão de parlamentares.
Notório aliado de Cunha e seu escudeiro durante o processo em que ele teve o mandato cassado, Marun justificou a sua visita a Cunha no presídio: “Eu fui ao presídio porque eu posso entrar e sair. Fiz uma visita solidária”.
Mas disse que Cunha não tem influência sobre o Planalto: “Renan me transformou num He-man. Ele vê fantasmas. O que eu não gostaria é de ver o meu partido comandado por algumas pessoas”.