Na Justiça do Trabalho de SC, uma mulher deixa o seu recado 

O 8 de março de 2017 foi marcado por uma série de manifestações em diversas partes do país. Dos grande centros às pequenas cidades, as brasileiras se uniram pelo fim à violência de gênero e contra a retirada de direitos.

Muitas mulheres paralisaram suas atividades laborais, outras fizeram greve de seus afazeres domésticos e parte se uniu às atividades de rua. A greve também motivou a disputa no campo simbólico e institucional. Em Imbituba, no litoral sul de Santa Catarina, a juíza do Trabalho, Angela Konrath, expressou sua manifestação num termo de audiência.

Angela recorda do feminicídio de Cunhã Porã, ocorrido no carnaval no oeste do estado, e afirma a importância da paralisação para refletir sobre as relações de gênero e seus reflexos.

“A importância de paramos um tempo para refletir sobre a defasagem que ainda vivemos, no século XXI, nas relações de gênero, ganha destaque especial o nosso Estado de Santa Catarina, em memória às três vítimas de feminicídio, ocorrido no feriado de Carnaval na cidade do Oeste, Cunha Porã, assassinadas por um jovem de 24 anos, sendo elas: Juliany Horbach, 23 anos, Rafaela Horbach, de 15 anos, Fabiana Horbach, de 12 anos”.

No mundo do trabalho, o documento destaca que a trajetória feminina é marcada por resistências às discriminações e preconceitos,

“Historicamente expressos nos ‘menores salários’, nas ‘funções proibidas’, na ‘concepção de forças dóceis de trabalho’, nos ‘assédios morais’ e ‘assédios sexuais’, na repressão à maternidade, muitas vezes colocando a mulher na impensável opção entre a carreira e a família”.

A juíza ainda relembra a catarinense Anita Garibaldi, heroína brasileira. “Aqui nesta Jurisdição, temos o exemplo de uma grande lutadora, uma figura feminina delicada, firme e engajada na luta contra a opressão, Ana Maria de Jesus Ribeiro, mais conhecida como Anita Garibaldi, que com coragem engajou-se na Guerra dos Farrapos, mostrando que a mulher também faz revoluções. Nem bela, nem recatada, nem do lar. Bonita mesmo é qualquer mulher que se levanta e luta”.

Veja na íntegra o documento: