Sírios exigem retirada imediata das "forças invasoras turcas"

Depois de um ataque da artilharia turca ter provocado na quinta-feira (9) a morte de vários soldados do Exército Árabe Sírio, o governo do país instou as Nações Unidas a agir no sentido de "obrigar a Turquia" a retirar as suas forças do país.

Tropas e tanques turcos em Karkamis - RT

Já em meados de Fevereiro a diplomacia síria tinha dirigido notas ao secretário-geral da ONU e ao presidente do Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU), manifestando o descontentamento das autoridades sírias com as ações da Turquia no seu território e solicitando ao CSNU que exercesse a sua influência junto de Ancara de forma a acabar com os "crimes e ataques contra o povo sírio e as violações da integridade e unidade do território da Síria".

Hoje, nas cartas que enviou aos mesmos destinatários, o Ministério das Relações Exteriores sírio acusou o "regime turco de ser responsável por apoiar o terrorismo, que matou dezenas de milhares de pessoas inocentes e destruiu as infra-estruturas" do país, "a mando do presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, e da sua organização de segurança", informa a agência SANA.

Referindo-se "aos ataques contínuos à soberania dos territórios sírios" por parte dos militares turcos, o governo sírio exorta o secretário-geral da ONU, o presidente do CSNU e a comunidade internacional a agirem no sentido "de obrigar a Turquia a retirar as suas forças invasoras, de travar os ataques e de manter a segurança e a estabilidade na região e no mundo".

Ataque turco em Manbij

A posição tomada pelas autoridades sírias surge um dia depois de forças militares turcas e seus aliados do Exército Livre Sírio (ELS) terem atacado posições do Exército sírio a oeste da localidade de Manbij, na província de Alepo, a cerca de 40 quilómetros da fronteira com a Turquia.

Uma fonte militar disse à SANA que o ataque da artilharia turca tinha provocado vários mortos e feridos, sem precisar um número. Acrescentou que "a agressão turca nos territórios da República Árabe Síria é uma tentativa de pôr fim ao êxito e ao avanço alcançados pelo Exército sírio, e forças aliadas, na guerra contra as organizações terroristas".

Norte-americanos promovem encontro

O Departamento de Estado anunciou que vai realizar um encontro sobre "os esforços da coligação anti-Daesh liderada pelos Estados Unidos", a 22 e 23 de Março, em Washington. De acordo com a Sputnik News, devem ser convidados a participar 68 ministros das Relações Exteriores de membros da Otan, da Austrália, da Nova Zelândia, de diversos países do Oriente Médio e estados do Golfo.

De acordo com a nota de imprensa divulgada pela Administração norte-americana, o objectivo primordial do encontro é "acelerar os esforços internacionais para derrotar o Daesh nas áreas que ainda domina no Iraque e na Síria". Também ficou claro que a Rússia, o Irão e a Síria não serão incluídos nos trabalhos.

Esta situação levou Alexei Puchkov, senador russo especialista em temas internacionais, a afirmar que "se podem reunir e discutir sem a Rússia, mas que não poderão alcançar a vitória sem ela". Ainda de acordo com a Sputnik News, o senador russo sublinhou que os três países excluídos do encontro em Washington – Rússia, Irã e Síria – estão de facto a combater o Daesh, enquanto "muitos dos convidados estão lá apenas para fazer de decoração".

Recorde-se que a Rússia tem combatido as forças terroristas na Síria, desde Setembro de 2015, a convite do governo sírio, ao invés do que acontece com os EUA e os seus aliados, cuja intervenção militar e relação com as forças terroristas têm sido alvo de fortes críticas por parte das autoridades do país do Oriente Médio.

Fonte: Abril Abril