Chico Lopes: "Notícias do Brasil: para virar o jogo"

Uma juíza cujo perfil em rede social é marcado por postagens antipetistas emite uma decisão “proibindo” manifestações a favor do ex-presidente Lula, quando de seu depoimento à Justiça em Curitiba, marcado para hoje.

Um juiz transforma em banalidade “megaoperações”  policiais transmitidas pela TV, conduções coercitivas e prisões preventivas, como método de tortura e humilhação para forçar delações, desconstruir imagens, forjar narrativas políticas para grupos que conseguiram desestabilizar o governo eleito e impor um golpe. Pouco importa desrespeitar leis e normas processuais. Um “vale-tudo” extremamente perigoso ao que sobrou do Estado de direito no Brasil.

Um golpe iniciado em um processo aberto, confessadamente, por vingança, pelo então presidente da Câmara dos Deputados, hoje presidiário e candidato a delator. Um golpe realizado sob um pretexto tecnicista que o povo nem entendeu nem aceitou. Um golpe alimentado pelo grande setor financeiro, com campanhas e patos amarelos para seduzir setores da classe média. A mesma que hoje chora a destruição dos direitos trabalhistas e previdenciários. O congelamento dos investimentos sociais por 20 anos, inclusive para saúde e educação. O “liberou geral” das terceirizações.

Um ano depois da aventura golpista, ministros do STF, que assistiram calados ao festival de prisões preventivas e se omitiram de dizer se houve “crime de responsabilidade” para cassar 54,5 milhões de votos, agora condenam as longas prisões e mandam soltar alguns dos acusados. Ministros do TSE se preparam para julgar se o vice segue no poder ou se haverá eleição indireta. Enquanto isso, setores da mídia que deram aval ao golpe tentam convencer o povo de que, sim, é muito bom trabalhar de modo precário e até os 80, 90, 100 anos.

A boa notícia nisso tudo? O povo, acusado de assistir a tudo “bestializado”, vem mostrando que não aceita mais ser figurante nessa história. A cada manifestação nacional, cresce a massa que diz “não” a essa desconstrução do Brasil. O medo que Lula desperta em setores do Judiciário, no atual desgoverno e na direita é muito sintomático: nada está perdido!

Todo esse terrível estado de coisas pode estar por um fio. O jogo está aberto e pode virar muito antes do que pensam os atuais donos da bola. Como cantaram os poetas, “não tem cabimento entregar o jogo no primeiro tempo” nem estar “mais angustiado que o goleiro na hora do gol”. Sigamos unidos, de olhos abertos e voz ativa, em uma frente cada vez mais ampla, para que esta “página infeliz da nossa história” seja ultrapassada o mais breve. Vamos à luta!Chico Lopes

Chico Lopes
[email protected] – Professor e deputado federal (PCdoB-CE)