Nesta tribo há o “terceiro gênero”, homens assumiram papéis femininos

Dizem em Juchitán que São Vicente, patrono dessa região do sul do México, viajava com três sacos cheios de grãos que ia distribuindo por todo o país. Em um deles, estavam os grãos masculinos; no outro, os femininos; e, em um terceiro, eles eram misturados. “Em Juchitán, o terceiro saco rasgou”, brincam os habitantes das comunidades zapotecas. Bem na cintura do México, no Istmo de Tehuantepec (Estado de Oaxaca), vivem os muxes, indígenas nascidos com sexo masculino que assumem papeis femininos.

Muxe - Nuria López Torres

Conhecidos como o terceiro sexo do México, acredita-se que a palavra “muxe” venha da adaptação fonética da palavra espanhola “mujer” (mulher). Os zapotecos formavam, a seu tempo, uma das civilizações mais avançadas da Mesoamérica.

Os muxes, presentes já na época pré-colombana, são respeitados nas famílias tradicionais, onde são considerados os melhores filhos, pois, diferentemente dos heterossexuais, que acabam virando independentes, eles nunca saem de casa e se tornam um ponto de apoio incondicional, especialmente para as mães. Em algumas famílias sem filhas, ocorre até mesmo de as mulheres criarem um dos filhos homens como se fosse uma menina.

José tem 16 anos, ainda não sabe se é um muxe, mas já gosta de usar maquiagem e acessórios femininos, como bolsas, por exemplo. Na foto está com a mãe e irmãos

Naomy prepara as medalhas que usará com o traje tradicional. Ela estuda engenharia industrial, mesma carreira seguida pelo pai, na Universidade de Juchitán. Os pais a apoiam e sentem muito orgulho dela.