Secretaria de Doria entrega cargo e condena ação na Cracolândia
A Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania da gestão João Doria, Patrícia Bezerra (PSDB-SP), entregou seu cargo nesta quarta-feira (24) e se posicionou contrária à operação pactuada entre a Prefeitura de São Paulo, Governo Estadual e as polícias Civil, Militar e GCM que dispersou, no último domingo, (21) o fluxo de dependentes químicos na região da Cracolândia, zona central de São Paulo (SP).
Publicado 25/05/2017 17:40
Em uma reunião com coletivos de direitos humanos atuantes na Cracolândia [Vídeo abaixo], ela demonstra seu descontentamento com a operação realizada no último domingo (21). "Não concordo com essa ação, ela foi desastrosa. Se meu pescoço estiver a prêmio por escolher um lado, eu não tenho nenhum problema com isso, estou incomodada tanto quanto vocês, também acho injusto, um problema complexo não se resolve dessa maneira", condena a ex-secretaria.
Patrícia Bezerra, eleita vereadora em na capital paulista, voltará a exercer sua função no legislativo.
A proposta de Doria em extinguir a Cracolândia tem sido alvo de várias críticas que envolvem desde a agressão aos direitos humanos ao equivoco de tratar a situação no local como segurança pública, agindo com voluntarismo e despreparo.
Após a prefeitura demolir casarões antigos na terça-feira (23) com pessoas dentro do local, o Ministério Público de São Paulo conseguiu uma liminar nesta quarta-feira (24) impedindo a gestão tucana de promover remoções na Cracolândia, além de vetar a demolição dos imóveis na região. A Prefeitura tenta agora uma autorização judicial para dar sequência ao projeto.
Leia a carta de Patrícia com o pedido de exoneração:
Venho, por meio desta, comunicar minha decisão em caráter pessoal e irrevogável de deixar a honrosa função de Secretária de Direitos Humanos e Cidadania de São Paulo.
Sr. Prefeito, diante das dificuldades que tenho enfrentado há algum tempo para dar prosseguimento à agenda de direitos humanos e ao atendimento humanizado à população mais vulnerável de São Paulo, deixo o cargo, mas nunca a convicção em uma cidade que garanta o respeito à pessoa humana.
Sigo à disposição juntamente com minha equipe para que seja elaborado plano de transição para a continuidade das ações da pasta de Direitos Humanos e Cidadania do município de São Paulo.
Assista o vídeo com a fala de Patrícia: