Fernanda Torres: Dracolândia abandonou as trevas, tchau querido

Em artigo publicado nesta nesta sexta-feita (26), na Folha de S. Paulo, a atriz Fernanda Torres afirma que no Brasil "houve golpe" e "mais de um". Sob o título "Tchau querido", a atriz enfatiza que "graças ao impeachment, a dracolândia abandonou as trevas e foi exposta ao sol abrasador do Planalto Central".

Fernanda-Torres - Bob Wolfenson/Divulgação

"A Santa Inquisição de Dilma foi lenta e tortuosa, não resistiríamos a outro processo. Pelos solavancos do touro mecânico da Presidência, para citar Fábio Porchat, o Béla Lugosi do Jaburu aguarda apenas o coice honroso do TSE", afirma.

Segundo ela, o PMDB passou as últimas décadas agindo como "eminência parda, a matéria escura da política brasileira" e "se tornou frágil no momento em que se fez visível".

A atriz lembrou que ao assumir o governo, "alheios à sociedade, não tiveram nem o cinismo de incluir mulheres e negros no quadro ministerial".

"E, em conluio com o tucanato e a bancada BBB, deram de baixar o cacete em índio, promover desmatamento em reserva ambiental, liberar pesticida na lavoura, arranha-céu em zona histórica, meia hora de almoço para trabalhador e aposentadoria para defunto", frisou.

E completa: "O problema é que sugar pescoços à luz do dia se mostrou tarefa árdua para aqueles acostumados à discrição dos gabinetes. Geddel Vieira dançou na mão de um ministrinho da Cultura, e o Vincent Price do Alvorada teve o peito cravado por uma estaca grampeada pelo açougueiro do boi sequestro"..

E conclui: "Se Wesley e Joesley Safadões saírem incólumes dessa mixórdia, proponho a canonização de Marcelo Odebrecht como mártir da Lava Jato. E, se a JBS é modelo de negociações público-privadas, pagando a multa da ladroagem com a valorização do câmbio, sugiro legalizar o comércio de armas e drogas, e transformar o PCC num partido-empresa".