Comerciários são reféns da violência no Rio de Janeiro
Os trabalhadores do comércio do Rio de Janeiro têm sido vítimas frequentes dos crescentes casos de violência. Mesmo com expressivo volume de gastos dos lojistas com aquisação de equipamentos de segurança, o problma não tem se resolvido. O sindicato cobra medidas do poder público e proteção aos direitos dos trabalhadores vítimas de violência.
Publicado 05/06/2017 18:50
A Câmara dos Dirigentes Lojistas do Rio de Janeiro divulgou recentemente o volume de gastos com segurança em estabelecimentos comerciais. Segundo o estudo, entre abril de 2016 e abril de 2017, R$ 1,2 bilhão foram investidos em segurança. O gasto extra envolveu compra de equipamentos, alarmes, contratação de seguro e seguranças, colocação de grades, blindagem de portas e reforço de vitrines. Contudo, nenhum desses aparatos garantiu a paz dos comerciários. Só no último mês de maio, os trabalhadores passaram por assaltos a mão armada no BarraShopping e nas Lojas Americanas, além de um arrastão em lojas próximas à Central do Brasil. No shopping Nova América aconteceu o caso mais recente, segunda-feira passada (29/5), quando um assalto causou pânico entre frequentadores e funcionários.
“Cobramos às administrações dos shoppings que reforcem ainda mais a segurança desses locais. Em relação às lojas, exigimos a emissão de documentos para proteger os comerciários, tais como a Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT), sobretudo nos caso de crimes que deixem sequelas físicas ou psicológicas. Mas nós sabemos que a violência no Rio de Janeiro não vai ser resolver só com reforços em segurança privada, precisamos de um reforço no âmbito público também. A Secretaria de Segurança perdeu mais de dois mil policiais, entre civis e militares, no ano passado. Os arredores do comércio se tornaram cenário de crimes que são cometidos em plena luz do dia, com bandidos armados invadindo centros comerciais. O Sindicato quer que o comerciário trabalhe com segurança e não vai medir esforços para que isso aconteça “, explica o presidente do Sindicato Márcio Ayer.
Diretores do Sindicato foram às empresas envolvidas nos assaltos para entregar, pessoalmente, ofícios exigindo a emissão de CAT para todos os funcionários que estavam trabalhando no momento dos incidentes. “Em casos como esses, em que o trabalhador fica exposto a uma situação de risco, a empresa é obrigada a informar o ocorrido à Previdência Social, podendo ser multada caso descumpra o prazo de um dia útil após o incidente. Em casos de reincidência, o valor da multa aumenta. Sem a CAT, o empregador não consegue dar entrada em benefícios como auxílio doença e auxílio acidente, o que pode atrapalhar o recebimento do benefício por parte do trabalhador, caso seja necessário”, explica o diretor Alessandro Furtado, que foi à matriz da Lojas Americanas no Rio para entregar o ofício do Sindicato.
“A orientação é para que todos os comerciários que estiveram envolvidos em casos como esse e não tiveram a CAT emitida, procurem o Departamento Jurídico para ser orientado sobre o que fazer. A empresa tem o prazo de um dia útil após o incidente, caso a empresa se recuse a fazer, o Sindicato tem poder legal para comunicar ao órgão responsável”, explicou o diretor jurídico do Sindicato, Edson Machado.