Dois anos após o Ni Una Menos, aumentam os feminicídios na Argentina

A ocorrência de feminicídios cresceu na Argentina em 2016. O Registro Nacional de Feminicídios da Justiça Argentina mostra que houve no ano 254 assassinatos de mulheres por questões de gênero, um aumento de 8% em relação a 2015.

Manifestação de mulheres na Argentina - Efe

O número significa que ocorreu um feminicídio a cada 35 horas na Argentina em 2016. Apenas 9% dos casos têm um responsável condenado. Os dados da pesquisa mostram que 61% dos assassinatos foram perpetrados por parceiros ou ex-parceiros da vítima.

Esta é a terceira edição do registro nacional de feminicídios, que é elaborado pelo Escritório de Violência Doméstica da Suprema Corte de Justiça do país. O índice mostra um aumento constante nos crimes: de 225 feminícidios em 2014 para 235 em 2015, até 254 em 2016. Os resultados foram apresentados pela vice-presidenta da Suprema Corte, Elena Highton de Nolasco.

O dia 3 de junho marcou dois anos do primeiro ato público do movimento Ni Una Menos, que luta contra a violência de gênero no país. Segundo o movimento, “a dois anos da primeira mobilização, o diagnóstico é triste. As mudanças culturais avançam e as mulheres adquirem cada vez mais consciência de seu direito de levar uma vida autônoma, plena e livre de violência, mas o Estado deixa desprotegidas justamente as que se encontram nas situações mais vulneráveis”.

O aniversário do Ni Una Menos veio acompanhado de uma série de iniciativas que visibilizam a violência de gênero no país. Norma López, vereadora da cidade de Rosario, apresentou um mapa interativo dos feminicídios que ocorrem na Argentina. Já haviam sido feitos mapas por regiões, mas este é o primeiro levantamento nacional.

Na última semana, foi aprovada no Senado argentino uma lei que retira de feminicidas o direito à guarda de seus filhos. O projeto já foi aprovado pela Câmara de Deputados e vai agora para sanção presidencial. Em 2016, 244 crianças e adolescentes ficaram sem mãe por conta dos feminicídios, segundo o registro nacional elaborado pela Suprema Corte.

No dia 31 de maio, dezenas de mulheres realizaram um protesto em Buenos Aires, em frente à Casa Rosada – a sede da presidência argentina –, ao Congresso e a um prédio de tribunais de Justiça. Elas retiraram suas roupas e se deitaram em frente aos prédios, onde haviam colocado uma faixa em que se lê “feminicídio é genocídio”.