Possível rompimento com Temer gera crise de existência entre tucanos

O desembarque do PSDB do governo parece estar cada vez mais próximo. No entanto, deve provocar rachaduras internas. A intervenção do governador Geraldo Alckmin para tentar conter a movimentação da base parece não ter efeito. O presidente do PSDB de São Paulo, deputado estadual Pedro Tobias, defendeu em entrevista ao Estado de S. Paulo, publicada nesta sexta-feira (9), que a legenda rompa com Michel Temer e que Aécio Neves seja afastado definitivamente do comando da legenda.

Aecio-Neves-chega-ao-Congresso-Nacional-para-reuniao Camara dos Deputados - Gabriela Korossy/Agência Câmara

“A maioria da base em São Paulo apoia o rompimento total da relação com o governo Temer. Vou pra Brasília dizer isso na segunda-feira. Defenderei a tese de São Paulo, que é pela saída total”, disse.

A legenda, que encabeçou o golpe e insuflou o discurso com viés falso moralista de “combate à corrupção”, está preocupada com os impactos das delações que supostamente envolvem lideranças da cúpula do partido, como o presidente e senador afastado Aécio Neves (MG). Nessa linha, o tucano disse ainda que “muita gente quer a expulsão dele do partido, mas vamos uma dar chance para ele se defender”.

O tom ameno terminou aí, pois Tobias demonstrou que Aécio não está com créditos junto ao partido. “Se aquela gravação for verdadeira, porém, ele deveria pedir para sair antes de ser expulso. De qualquer forma, Aécio não tem mais condição de presidir o PSDB. Mesmo sem perícia, a sociedade não aceita”, emendou.

Segundo ele, o clima interno é de frustração. Disse ainda que na última reunião da legenda não colocou ambos os temas em votação porque foi pressionado. “Fui pressionado por todos os lados. Não posso brigar com todo mundo”, disse.

Sobre as perspectivas diante dessa crise interna, Tobias diz que os tucanos não realizam reunião do diretório nacional há pelo menos 10 anos. “Não fizeram nem mesmo uma comissão para estudar mudanças de regimento. São Paulo não tem espaço no diretório nacional e isso precisa mudar. Geraldo [Alckmin] está encostado. O governador precisa participar das decisões nacionais”, declarou.