Após renúncia de Renan, governo não consegue nome para liderar PMDB

A renúncia de Renan Calheiros (AL) à liderança do PMDB no Senado, anunciada por ele na tribuna da Casa, nesta quarta-feira (28) não representou a solução dos problemas do governo. Agora, o governo procura quem ninguém quer assumir a função de líder da sigla para defender Temer.

Fracassa tentativa de Temer de abafar crise entre os poderes

Renan fez um discurso duro, batendo forte no governo. “Ingressamos num ambiente de intrigas, provocações, ameaças e retaliações, impostas por um governo, suprimindo o debate de ideias e perseguindo parlamentares”, acusou.

Renan disse que renuncia por discordar do governo. "Não odeio Michel Temer. Isso não é verdade. O que não tolero é sua posição covarde diante do desmonte da Consolidação das Leis do Trabalho [CLT]", disse.

"Não estou disposto a liderar o PMDB atuando contra os trabalhadores e estados mais pobres da Federação. Não vou ceder a um governo que trata o partido como um departamento do poder Executivo (…). Não tenho a menor vocação para marionete. O governo não tem credibilidade para concluir essas reformas exageradas e desproporcionais", completou.

O discurso de Renan estava incomodando o governo. Durante sessão na terça (27), o senador disse que Temer perdeu as condições de permanecer na Presidência da República e defendeu eleições diretas. Foi a gota d'água para Temer.

Antes do anúncio de Renan, o governo já tentava achar um nome que pudesse substituí-lo na liderança da sigla.. O senador Jader Barbalho (PMDB-PA) foi um dos cogitados para a vaga, ,mas disse que lamentava a decisão do colega, ressaltando que a atitude era exclusivamente de cunho pessoal do alagoano.

"Lamento se isso ocorrer. Considero que o Renan é um excelente líder e eu vou lamentar se ele tiver de deixar. Mas é uma decisão. Se dependesse de mim, Renan não sairia da liderança", afirmou.

Barbalho afirmou que "está fora de cogitação" assumir a liderança do PMDB, adiantando que recusará um eventual convite.

"Não tenho absolutamente nenhum interesse de assumir a liderança. Eu prefiro colaborar com o Senado e o país sem ter qualquer cargo", justificou.

O governo também tentou o nome do senador Garibaldi Alves (RN), mas ele também avisou não quer.

A escolha de um novo líder está marcada para a próxima terça-feira. Cogita-se nomes como os de Raimundo Lira (PB) e Kátia Abreu (TO).