Adilson Araújo: Reforma trabalhista foi desastrosa em outros países
“O ataque ao movimento sindical vem por todos os lados. O capital avança com toda a sua força para quebrar nossa espinha dorsal e dissolver a resistência em defesa dos direitos sociais e trabalhistas”, alertou o presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Adilson Araújo (foto), ao rebater comentário do presidente da Bosch na América Latina, Besaliel Botelho, publicado nesta segunda-feira (3), no impresso Valor Econômico.
Publicado 03/07/2017 16:25
Botelho repete a cantilena do governo ilegítimo de que a proposta de reforma trabalhista – o PLC 38/2017, que tramita no Senado –, se aprovada, gerará emprego e ajudará o país a sair da crise. “O que Botelho não cita é que essa receita já foi aplicada em outros países – Espanha e Grécia, por exemplo – e o resultado foi desastroso”, lembrou o dirigente.
E emendou: “Pesquisa recente publicada pelo departamento de Direito de Cambridge comprovou não haver evidências de que propostas como a da reforma trabalhista, nos termos apresentados, gerem empregos. Pelo contrário, a flexibilização dos controles sobre o trabalho temporário e em tempo parcial não leva à criação de emprego. Isso pode ter o efeito de reduzir o emprego na economia formal. Ou seja, ao empregador tudo e ao trabalhador nada?”.
O momento é resistência total e de alerta a toda a sociedade sobre o caráter brutal desta proposta. “O trabalho intermitente, conhecido no exterior como ‘zero hora’ – quando o trabalhador é convocado sob demanda e recebe por hora trabalhada, não tendo garantia de uma jornada mínima – é a prova inconteste de que o PLC 38 é a senha para a escravidão moderna”, acrescentou Adilson.
Estudos do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) demonstram que a aplicação da flexibilização e expansão da variedade dos contratos e trabalho tem tido impactos negativos, diminuindo a renda do trabalhador, não contando o tempo para a sua aposentadoria, ampliando o adoecimento e os acidentes de trabalho e diminuindo, assim, a produtividade, o que é potencialmente ruim para a economia.
Resistir a todo custo
Adilson reitera que “a resistência em defesa de tudo que conquistamos até aqui é o fio condutor de nossas lutas. Não podemos vacilar, a hora é de luta e resistência total contra o golpe que o capital quer impor à classe trabalhadora”.
E completou: “A CTB reitera sua orientação ao conjunto dos seus militantes e à classe trabalhadora de que o nosso caminho é o da luta sem tréguas em defesa dos direitos sociais, da democracia e da soberania nacional, contra o projeto de restauração neoliberal e o governo golpista”.