Aécio diz que Joesley, a quem pediu empréstimo, é um "notório bandido"

Em seu retorno ao Senado, após afastamento 45 dias determinado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o senador tucano Aécio Neves (PSDB-MG) discursou na tribuna do Senado e disse que é "inocente" das acusações de que tenha recebido propina do dono da JBS, Joesley Batista.

Por Dayane Santos

Aécio em discurso no plenário - Lula Marques/Agência PT

Lendo o texto e demonstrando pouca convicção naquilo que lia, Aécio reafirmou os argumentos que já tinha utilizado ao divulgar notas públicas, dizendo que pediu um empréstimo ao empresário e declarando ter sido vítima de uma armadilha de Batista com o intuito de obter vantagens em um acordo de delação premiada.

“Não me furtarei de reiterar aqui aquilo que venho afirmando ao longo das últimas semanas. Não cometi crime algum, não aceitei recursos de origem ilícita, não ofereci vantagens indevidas a quem quer que seja”, disse.

"Não cometi crime algum. Não recebi recursos de origem ilícita. Tampouco atuei para obstruir a Justiça. Fui, sim, vítima de uma armadilha, engendrada por um criminoso confesso de mais de 200 crimes. Procurei, sim, esse cidadão, cuja face delinquente o Brasil ainda não conhecia", declarou.

Aécio disse ainda que pediu o "empréstimo" porque não tinha recursos para arcar com os gastos de sua defesa em inquéritos da Operação Lava Jato. Aécio também afirmou o empréstimo de R$ 2 milhões seria posteriormente registrado em contrato, mas não explicou porque aceitou receber o todo esse montante em uma mala.

Responsável pela judicialização da política e pela campanha de intolerância e ódio contra a esquerda para tentar chegar ao poder, Aécio agora diz que é preciso fazer a "boa política" e respeitar a Constituição e os direitos individuais.

Ele lamentou que tenha tido seus "direitos individuais" violados, e que tenha sido condenado "sem nenhum direito de defesa", "execrado perante à opinião pública", e alvo de "julgamentos apressados".

“O país vive, sim, um importante e inédito acerto de contas da sociedade com o mundo político. E temos que estar preparados para ele, separando o que é crime daquilo que não é. Separando condutas ilícitas daquilo que é simplesmente atividade política. Misturar tudo e todos só interessa àqueles que não querem mudança alguma”, afirmou

Enquanto tais abusos eram cometidos contra seus adversários políticos, Aécio tinha um discurso bem diferente. Por meio de sua página no Facebook, ele comentou a prisão coercitiva de Lula sem considerar que houvesse qualquer violação aos direitos individuais.

"O avanço da Operação Lava Jato é um passo definitivo para que os brasileiros possam ter acesso a verdade que há muito tempo vem sendo sonegada ao país. O dia de hoje exigirá de todos nós coragem e serenidade. Os graves indícios de irregularidades e crimes cometidos à sombra do projeto de poder do PT finalmente estão vindo à luz. Vamos continuar apoiando as investigações. O Brasil merece conhecer a verdade", escreveu Aécio, em 4 de março do ano passado.