Durante acordo de paz, aumentam assassinatos de dirigentes na Colômbia

Em meados de maio, a Câmara dos Representantes, em Bogotá, debateu este tema, tendo Alirio Uribe, do Polo Democrático, destacado o fato de, após a assinatura dos acordos de paz entre as Farc-EP e o governo colombiano, o número de assassinatos de ativistas sociais continuar a aumentar. “Não é possível que persistam dois fenômenos do conflito. A morte de líderes sociais, agricultores e sindicalistas, bem como a persistência do paramilitarismo”, disse.

Acordo de Paz - Efe

Alberto Ramón Acosta, presidente do Sindicato Nacional de Trabalhadores da Indústria Agropecuária, foi morto este sábado (1º), no Valle del Cauca. Entre janeiro e maio de 2017, foram assassinados mais de 50 líderes sociais no país andino, informou a Marcha Patriótica.
O sindicalista foi morto quando assistia a um jogo de futebol em que participava o seu filho, no município de El Cerrito, departamento de Valle del Cauca. Segundo a Caracol Radio, as autoridades ainda não concluíram se o homicídio está relacionado com sua atividade sindical.

De acordo com os dados divulgados pela Marcha Patriótica, movimento político e social a favor da paz na Colômbia, o número de mortes violentas de dirigentes sindicais, líderes sociais e defensores dos direitos humanos em 2017 continua a aumentar. Num relatório divulgado pela organização, afirma-se que, deste o início do ano até maio último, foram assassinados 51.

Na ocasião, Alirio mostrou dados sobre a distribuição geográfica dos homicídios e considerou insustentável que o Estado insista na falta de “ocorrência sistêmica” do fenômeno ou não queira ver a presença dos paramilitares, que operam em todo o país. Alirio sublinhou que “o preço da paz” não pode ser “o assassinato de dirigentes sociais”.

Farc-EP cumprem, governo nem tanto

Num contexto em que as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – Exército do Povo (Farc-EP) avançam no cumprimento dos acordos de paz, têm sido também reportados assassinatos de membros da guerrilha e seus familiares. Em abril último, dois membros das Farc-EP foram mortos, assim como seis familiares de membros que se encontram nas zonas de transição.

No dia 27 de junho, integrantes da Missão de Verificação das Nações Unidas na Colômbia confirmaram a conclusão do processo de entrega das armas individuais das Farc-EP nos acampamentos transitórios onde se encontram os guerrilheiros, no âmbito dos acordos de paz firmados com o governo de Juan Manuel Santos.

No entanto, é grande o mal-estar no seio da guerrilha e da sociedade colombiana que anseia pela “paz com justiça social”: porque encaram com preocupação a persistência do fenômeno do paramilitarismo – sucedem-se as notícias que dão conta de que forças paramilitares ocupam territórios onde antes a guerrilha tinha presença ativa – e por considerarem que o governo de Santos não se empenha na implementação dos acordos de paz negociados em Havana, nomeadamente no que respeita à aplicação da Lei da Anistia e Indultos aos guerrilheiros.

Atualmente, há mais de 1.700 presos em situação de desobediência em 29 cadeias colombianas, 1.499 dos quais em greve de fome e 35 com os “lábios cerrados”, informa a Agência Bolivariana de Prensa.