Crise no comércio se amplia e desemprego deve crescer  

Os pedidos de recuperação judicial crescem no comércio e a baixa da inflação não resulta em crescimento das vendas, o que mostra que o consumo das famílias continua em baixa com as políticas de Temer. O horizonte é de mais depressão e desemprego. 

Funcionários da Hermes, demitidos sem receber nada, protestam - Rafael Rodrigues/Comerciários

A grave crise que vive o país tem provocado um aumento constante do desemprego, que já ultrapassou a casa dos 14 milhões. Mesmo índices que são comemorados pelo governo, como a queda da inflação, demonstram, na verdade, que a economia está no fundo do poço e refletem, na verdade, a queda vertiginosa no consumo.

De janeiro a maio deste ano, segundo informa o jornal Valor Econômico, das 574 solicitações de recuperação judicial 38% vêm de empresas ligadas ao comércio. Em 2016, segundo o Serasa, 33% dos pedidos eram do setor, sendo que, em 2015, esse número era de 31%.

No Rio de Janeiro, por exemplo, a loja de roupas masculinas Toulon, além de não pagar salários e direitos, demitiu dezenas de funcionários. Em declaração à imprensa do Sindicato dos Comerciários do Rio de Janeiro, um trabalhador dispensado afirmou: “o salário de março veio atrasado e o de abril em três vezes. Disseram que maio seria normal, mas fui demitido e fiquei sem receber nada. Estou com contas atrasadas e juros no cartão. Fui muito lesado”. L.M, o trabalhador em questão, foi demitido mesmo tendo 13 anos de casa.

Segundo o diretor jurídico do sindicato, Edson Machado: “Tivemos uma conversa muito ruim sobre as rescisões com a Toulon. Disseram não ter como pagar, o que a gente não aceita. Vamos orientar os processos dos trabalhadores contra a empresa, até que recebam tudo o que têm direito. Podemos também usar outras formas de pressão para forçar a empresa a pagar. Se o patrão respeita a própria marca, não pode vacilar com os direitos trabalhistas. Porque o sindicato pode fazer um estrago contando essa história para os seus clientes”.

A queda da inflação – de dezembro até maio o índice desacelerou de 6,29% para 3,6% – que poderia produzir um crescimento do consumo, já que boa parte dos preços diminuiu ou se manteve estável, não cumpre esse papel. Isso porque o desemprego, em disparada no governo Temer, tem um triplo efeito deletério: em primeiro lugar retira a renda do trabalhador desocupado, que deixa de consumir; depois, torna os consumidores mais cautelosos para realizar gastos, dado o medo de perder o posto de trabalho e, por fim, provoca uma diminuição dos aumentos salariais, na medida em que a massa de desempregados força o preço da mão de obra para baixo.

Entre 1.292 gestores do comércio e da indústria que foram alvo de uma pesquisa realizada pelo Insper e pelo Santander, 39,2% afirmaram que a diminuição dos preços não tem efeito nenhum sobre as vendas e negócios, 20% disseram que reduzirão custos em função da baixa e apenas 13,5% esperam algum aumento das vendas.

Com esse grau desânimo provocado pelas políticas contracionistas do governo Temer é impossível que a atividade econômica se recupere.