Adilson Araújo: Direitos no fio da navalha

Informações que circulam nos corredores do Congresso indicam a progressiva desidratação do governo golpista liderado por Michel Temer. No empresariado, o limite de sustentação do governo é a aprovação da contrarreforma trabalhista.

Por Adilson Araújo*

Adilson Araújo - Railídia Carvalho

A base, já dividida e fragilizada, parece não reunir condições para sustentar o governo diante de tantos escândalos e denúncias de corrupção que envolvem a Presidência e o mais alto escalão do governo.

A traição ganha corpo em Brasília e projeta uma sombra aterradora sobre o Palácio do Planalto. O PSDB e DEM articulam uma saída à margem da vontade popular e procuram envolver o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, que de forma velhaca não arquivou nenhum dos 14 pedidos de impeachment protocolados na Casa contra Temer.

As delações de Eduardo Cunha e Lúcio Funaro colocarão mais lenha na fogueira. A situação parece insustentável. O momento político requer a intensificação dos esforços de mobilização e conscientização das bases, a radicalização da luta para derrotar o Projeto de Lei da Câmara (PLC) 38, a Reforma Trabalhista.

Não é hora de recolher as armas em nome da promessa de instituição da Contribuição Assistencial em substituição à Contribuição Sindical, mesmo porque não é prudente confiar num presidente moribundo e que já provou não ter compromisso com o nosso povo.

Os direitos da classe trabalhadora não podem ser transformados em moeda de troca, sob pena de traição aberta aos interesses maiores da classe. A CTB reitera sua orientação: luta sem trégua e sem fronteiras em defesa da CLT, da Previdência, da democracia e da soberania nacional.

*Adilson Araújo é Presidente Nacional da Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil