Putin e Trump fecham acordo para cessar-fogo na Síria
Interrupção do conflito será entre Daraa e Quneitra, no sudoeste do país, a partir de meio-dia (horário de Damasco); essa foi primeira reunião entre os dois desde que Trump assumiu presidência
Publicado 07/07/2017 17:05
Após a reunião de mais de duas horas entre os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e dos Estados Unidos, Donald Trump – a primeira dos dois mandatários desde que o norte-americano chegou ao poder – Moscou e Washington confirmaram nesta sexta-feira (07/07) o cessar-fogo entre as cidades de Daraa e Quneitra, no sudoeste da Síria, a partir do meio-dia (horário de Damasco) do próximo domingo (09/07).
"EUA e Rússia assumirão a responsabilidade de fazer com que a trégua seja respeitada em uma área no sudoeste da Síria e garantirão a chegada de ajuda humanitária", disse o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serghei Lavrov. O representante ainda ressaltou que os EUA "garantiram que todos os grupos locais" vão respeitar o cessar-fogo.
Por sua vez, o secretário de Estado norte-americano, Rex Tillerson, elogiou a "química positiva" entre Trump e Putin e informou que os dois líderes "esperam poder ampliar" o cessar-fogo por todo o país. Tillerson ressaltou que eles conversaram sobre uma diminuição nos conflitos locais em outras áreas e que esperam "replicar o acordo por todo o país".
Lavrov ainda disse aos jornalistas que os dois líderes conversaram em uma "atmosfera construtiva", na qual "mostraram querer encontrar as soluções para problemas entre os dois países e também em todo o mundo. Foi um encontro puramente político".
EUA e Rússia estão em blocos opostos nos conflitos armados na Síria. Enquanto os primeiros lideram a coalizão internacional, junto com a União Europeia, os russos tem sua coalizão com Irã e com o governo de Damasco.
Além disso, para Putin, a manutenção no poder do presidente Bashar al-Assad é fundamental, enquanto os "ocidentais" classificam Assad como um ditador e querem sua saída imediata para poder negociar a paz no país. Outro ponto que difere as duas coalizões é o fato de que os ataques aéreos russos são feitos também contra os grupos rebeldes que lutam contra o mandatário e não apenas os considerados terroristas, como o Estado Islâmico e o Frente al-Nusra.
O encontro entre os dois aconteceu em Hamburgo (Alemanha), em uma reunião paralela ao encontro do G20.
Interferência russa
O ministro russo falou sobre a polêmica questão da suposta interferência do governo russo nas eleições dos Estados Unidos.
“O presidente Trump disse ter ouvido as declarações de Putin sobre o fato de que o Kremlin não interferiu nas eleições nos Estados Unidos e aceitou sua posição. O presidente norte-americano ainda destacou como essa campanha teve um caráter estranho porque em todos esses meses não foram fornecidas as provas de intromissão por parte da Rússia", informou Lavrov.
Mas, mesmo aceitando a versão de Putin, os dois países criarão um grupo de trabalho para chegar a um acordo sobre cibersegurança.
Sem citar resultados, Tillerson afirmou que a conversa entre Trump e Putin sobre o tema foi "muito vigorosa".