Artistas e intelectuais criticam condenação de Lula
Depois que o juiz Sérgio Moro condenou o ex-presidente Lula, por “corrupção passiva” e “lavagem de dinheiro”, nesta quarta-feira (10), o caso repercutiu no mundo. No Brasil, diversos artistas e intelectuais se pronunciaram sobre o caso. Muitos consideram “perseguição política” para evitar o “retorno de Lula” em 2018, além de acreditar que fere o sistema democrático do país.
Publicado 13/07/2017 17:38
Em entrevista ao jornal O Globo, vários artistas criticaram a decisão do juiz, entre eles, a cantora Beth Carvalho, conhecida pelo seu posicionamento político alinhado à esquerda. Para ela, a condenação de Lula foi “um absurdo que isso aconteça nesse mesmo momento em que perdemos as conquistas de Getúlio Vargas para os trabalhadores. Lula foi condenado sem provas, não querem que ele seja candidato a presidente, sabem que ele vai ganhar a eleição. O processo foi todo conduzido de forma falsa, todo baseado em mentiras. Tenho certeza de que grande parte do povo está revoltada com isso”.
O cineasta Kleber Mendonça Filho, diretor de filmes como Aquarius e Som ao Redor, vai na mesma linha de Beth, para ele é gravíssimo que o processo tenha se desenvolvido sem provas. “Uma vergonha, mais uma num país que desrespeita cada vez mais a cidadania.”
Já o diretor e fundador do Teatro Oficina, Zé Celso, não titubeia ao afirmar que as motivações de Moro contra Lula são políticas e que o juiz se aproveitou do momento de turbulência no país para executar a ação. “Para realizar seu grande sonho – ou melhor, seu marketing –, Moro decreta a prisão de Lula, justamente quando é julgado o Fora Temer, e a maioria do povo brasileiro quer Diretas Já. O objetivo é comum a toda plutocracia: barrar a candidatura de Lula à Presidência do Brasil.”
O cineasta Luiz Carlos Barreto também critica o fato de Moro ter declarado a sentença no dia seguinte à aprovação da reforma trabalhista, que já configura um golpe muito duro contra o povo brasileiro. “No dia seguinte em que se aprova a reforma trabalhista, que fez o Brasil regressar à era pré-Revolução Industrial da Inglaterra, condenar sem provas o maior líder popular do país é um complô de agitação para jogar o Brasil numa convulsão social. Voltamos à escravatura. Considero o Moro um terrorista.”
A atriz Silvia Buarque disse estar “estarrecida” por se tratar de uma “condenação política”. “Mas é uma condenação que já estava prevista por conta do golpe que afastou Dilma Rousseff da Presidência.”