CTB: Movimentos precisam entender que "o inimigo é o capital"
Com a proximidade do Dia Internacional da Mulher Negra, Latino-americana e Caribenha, na terça-feira (25), a secretária de Promoção da Igualdade Racial da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Mônica Custódio, defende a unificação de pautas dos movimentos sociais.
Publicado 20/07/2017 13:18
“É necessário unificar as bandeiras de todos os movimentos. Os movimentos sociais reivindicam umas coisas, o movimento negro outras, o movimento sindical outra, mulheres outras e ainda tem os LGBTs, a juventude, mas estamos todos no mesmo barco”, diz.
Ela afirma essa necessidade porque a violência contra a mulher negra cresce absurdamente. Recentemente o Atlas da Violência 2017, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, comprovou esse aumento.
Entre os aos de 2005 e 2015, houve um crescimento de 22% na mortalidade de mulheres negras e entre as não negras houve uma queda de 7,4%. Também aumentou a violência contra as negras, que subiu de 54,8% para 65,3%.
Para Custódio, isso nunca vai acabar se continuar essa “hierarquização das bandeiras defendidas pelos movimentos contra a ofensiva do capital sobre o trabalho”. De acordo ela, “parece que não somos todos trabalhadores”.
Ela lembra que em 2018, a Abolição dos escravos completa 130 anos e a situação da população negra, maioria no país continua muito difícil por causa do racismo institucional. “Os movimentos precisam entender que o inimigo é o capital, independente do que se faz”.
Na opinião de Custódio, os movimentos que lutam por uma sociedade mais igual e justa, deve se pautar pela Convenção 100, da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Essa convenção defende igualdade de remuneração de trabalhadoras e trabalhadores por trabalho de igual valor.
Além dos 130 anos da Abolição, 2018 marca o centenário de Nelson Mandela. “Madiba (forma carinhosa como os sul-africanos chamavam Mandela) abriu uma janela para o mundo ver o sofrimento dos negros e a importância de todo mundo ter a cidadania respeitada".
Por isso, ela defende que a agenda da classe trabalhadora seja pautada por cinco questões principais. O direito à terra, à educação, ao trabalho, à cultura e à saúde. “Trabalhar esses temas combatendo as desigualdades e as discriminações que só interessam ao capital”.