Trabalhadores protestam contra demissões em Buenos Aires

Milhares de trabalhadores, estudantes e defensores dos direitos humanos se mobilizaram em apoio aos funcionários demitidos pela multinacional estadunidense PepsiCo. Eles exigiram a imediata reincorporação ao quadro da empresa. Outra demanda da manifestação, realizada no centro da cidade, na última terça-feira (18), foi a convocatória para uma greve geral.

Manifestação de trabalhadores em Buenos Aires - Juan Andrés Gallardo

Ao final do ato, os trabalhadores montaram um acampamento na frente do Congresso Nacional, onde seguem acampados.

Em outras cidades do país, como em Mendoza, Neuquén e Mar del Plata, também aconteceram manifestações em apoio aos trabalhadores e ações de boicote à PepsiCo.

Demissões

A PepsiCo fechou a fábrica localizada no bairro Vicente López, em Buenos Aires, no dia 20 de junho, provocando a demissão de 691 trabalhadores. A empresa alegou, através de um comunicado, que o fechamento se deve a "questões logísticas e de produção", relacionadas à mudança da filial para outra cidade, Mar del Plata.

A multinacional também afirmou que havia estabelecido um acordo econômico com os trabalhadores demitidos. No entanto, os ex-funcionários da empresa passaram a organizar manifestações para rechaçar a desvinculação promovida pela empresa e exigir a reabertura da fábrica.

Um dos funcionários demitidos, que está à frente das manifestações, Camilo Mones, informou que os trabalhadores reivindicam a reabertura da empresa e não um acordo com a PepsiCo: "A estratégia é fechar a fábrica e fazer uma negociação sem pagar pelas demissões, para que as pessoas se arranjem sozinhas e, depois, em dois ou três meses, reabrir a fábrica com funcionários terceirizados", disse Mones.

A Justiça se mostrou favorável à posição dos trabalhadores. A Câmara Nacional do Trabalho ordenou, na quinta-feira (13), que a empresa reincorporasse dez trabalhadores que estão entre os demitidos e que cumpra o dever de ocupação efetiva. Isto é, os juízes obrigaram a empresa a atribuir postos de trabalho imediatamente na fábrica, que continua fechada. Caso a PepsiCo não reabra o prédio, a multa estabelecida por desobediência é de cinco mil dólares por dia.

Repressão

O governo argentino respondeu às manifestações com repressão policial. Nas manifestações anteriores à de ontem, dezenas de pessoas e jornalistas ficaram feridos.

Representantes sindicais criticam os governos federal, de Mauricio Macri, e estadual, de Maria Eugenia Vidal , pela política econômica que, de acordo com os sindicatos, tem gerado mais desemprego e por proteger a PepsiCo.