Diante do fracasso da gestão, Meirelles já cogita rever meta fiscal

Com o desequilíbrio das contas públicas batendo à porta do governo, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, mudou o discurso e já admite rever a meta fiscal de 2017, que prevê um deficit de R$ 139 bilhões. Antes intransigente quanto às estimativas de resultado para ano, ele disse, nesta segunda (31), que a gestão “está analisando o assunto”. A sinalização representa o reconhecimento do fracasso da política econômica, que aprofundou a recessão, causando uma queda ainda maior na arrecadação.

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“Em relação à questão da meta fiscal, estamos analisando o assunto. No momento, a meta anunciada será seguida. Mas, de novo, estamos monitorando todos os fatores da economia, a evolução da arrecadação. Não há dúvida que houve uma queda muito grande da arrecadação durante este ano”, disse.

Essa é a primeira vez que alguém da equipe econômica admite que o governo pode ter que revisar a meta fiscal, para ampliar a estimativa de deficit. Diversos analistas, contudo, têm anunciado que a mudança é inevitável, já que mesmo com aumento dos impostos sobre combustíveis e com o contingenciamento de recursos, é muito difícil que a gestão consiga fechar essa conta.

Meirelles, contudo, mantém seu discurso otimista em relação ao futuro. Avaliou que há a possibilidade de que receitas extraordinárias compensem as perdas ao longo do ano. O governo espera contar com a concessão do aeroporto do Galeão, precatórios da Caixa Econômica Federal e a privatização da Lotex. Mas muitos economistas avaliam que as expectativas podem não se cumprir.

O ministro não fez mea culpa e nem assumiu a responsabilidade em relação ao péssimo desempenho da atividade econômica. “Uma parte [da queda de arrecadação] foi resultado da própria evolução econômica, mas uma parte importante foi resultado do relatório de mudança do Refis, que fez com que empresas deixassem de aderir ao programa”, afirmou Meirelles. Segundo ele, muitas aparentemente deixaram de recolher impostos achando que haveria uma “série de Refis ou vários programas generosos”.

Segundo ele, o governo – que havia se comprometido a não elevar tributos e depois voltou atrás – não tem planos no momento de elevar outros impostos.