USP lança livro sobre reitor cassado pela ditadura militar

Em 1967, o então reitor da USP, Luís Antônio Gama e Silva, é nomeado ministro da Justiça do governo ditatorial de Artur da Costa e Silva. Em seu lugar, assume o professor Hélio Lourenço de Oliveira. O então vice-reitor enfrentava resistências da linha dura do II Exército desde 1967 quando seu nome foi indicado em uma lista tríplice e nomeado para a vice-reitoria.

Meses depois, na madrugada do dia 14 de dezembro de 1968, horas após a decretação do AI-5, o Crusp (Conjunto Residencial da USP) é metralhado. Alguns dias depois, em 17 de dezembro, as entradas do campus da Cidade Universitária da USP são bloqueadas pelo II Exército e a Polícia Militar. O Crusp é invadido e seus moradores, estudantes, expulsos. Com o apoio do Conselho Universitário, o reitor protesta contra a ação, defendendo a autonomia da Universidade e a regularização da vida no conjunto residencial.

A resposta da ditadura viria em abril. No dia 25, um decreto baseado no AI-5 aposenta 42 pessoas dos “cargos que ocupam nos órgãos da Administração Pública Federal” (a USP é uma universidade estadual). Lourenço envia um telegrama ao ministro da Educação solicitando sua intercessão e a reconsideração do ato. No dia 29, novo decreto, também baseado no AI-5, aposenta (e permite demitir) mais 24 pessoas, entre elas o reitor. Por uma estranha coincidência do destino, Lourenço foi cassado pelo seu antecessor na reitoria, Gama e Silva, redator do AI-5, e que também assina os decretos.

Com a cassação, o professor e parte de sua família saem do Brasil. Ele trabalha para a Organização Mundial da Saúde e Unesco, no Oriente Médio e África. Em 1980, após a anistia, volta ao Brasil e é reintegrado à Universidade.

Serviço:

Lançamento do livro Hélio Lourenço – Vida e Legado
Dia 04 de agosto, às 14 horas
Espaço de Eventos do Bloco Didático da FMRP, campus da USP de Ribeirão Preto (avenida Bandeirantes, 390)